O PSD Valongo quer o Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) na taxa mínima em 2021. Os eleitos do principal partido da oposição criticaram, em Assembleia Municipal, a carga fiscal existente no concelho, que defenderam ser elevada e a “segunda maior do distrito do Porto”, e pediram um alívio da mesma, numa altura em que a população se debate com os problemas trazidos pela pandemia: quebra de rendimentos devido ao desemprego e lay-off.
José Manuel Ribeiro contrapôs, garantindo que “Valongo é o concelho de toda a região Norte que menos impostos cobra aos cidadãos” e alegou que baixar o IMI para a taxa mínima significaria uma perda de receita anual superior a seis milhões de euros, que não permitiria ao município fazer obra. “São propostas pré-eleitorais, demagógicas e muito perigosas”, considerou o presidente da autarquia.
“Está na hora de o município se apressar a aliviar a pressão fiscal aos valonguenses”
Mais tarde, no âmbito da votação da proposta de segunda revisão do Orçamento e das Grandes Opções do Plano do ano 2020 – aprovada por maioria com uma abstenção -, Daniel Felgueiras, também do PSD, começou por lembrar o porquê de terem votado contra “o orçamento demasiado socialista” apresentado em Dezembro, que “aumenta a receita por via de aumento de impostos e taxas ao mesmo tempo que aumenta a despesa corrente”.
Este executivo, argumentou o social-democrata, “aumentou a receita de forma brutal com os impostos, nomeadamente IMI, que é o segundo mais elevado do distrito do Porto”. “Representa mais de 20% da receita do município sem que essa taxa elevada tenha respaldo nos serviços que a câmara presta aos cidadãos”, apontou.
Perante um momento “radicalmente diferente”, em que se luta contra as consequências causadas pela pandemia em curso, Daniel Felgueiras afirmou que o PS deveria dar um sinal de inversão nesta “sangria na forma de impostos”.
“A maioria dos municípios (51%) para o ano de 2020 decidiu aplicar a taxa mínima (0,3%), 18% vão aplicar taxas intermédias até 0,35% e, em Valongo, o PS afixou a taxa em 0,409% um valor muito superior, com evidentes prejuízos que temos de competitividade com os nossos vizinhos na Área Metropolitana do Porto (AMP)”, sustentou o eleito do PSD.
“Está na hora de o município se apressar a aliviar a pressão fiscal aos valonguenses reduzindo o IMI para a taxa mínima de 0,3%. A pressão fiscal foi agravada pela redução de rendimentos, por estarem em lay-off ou perderem o emprego. E é para isto que serve a política, ajudar as pessoas”, concluiu.
“Valongo é o concelho de toda a região Norte que menos impostos cobra aos cidadãos”
Aludindo a uma proposta eleitoralista, o autarca elencou números: “colocar o valor do IMI no mínimo significa reduzir mais de seis milhões de euros por ano à câmara e que a câmara não faça nenhuma obra por ano. Eu não dou para esse peditório”.
José Manuel Ribeiro recuou ao passado para lembrar que quando chegou à liderança do município este não tinha capacidade de endividamento e tinha um peso do serviço da dívida que era 12% da receita corrente, quando hoje é de pouco mais de 4%. Há agora também menos dívida e mais investimento, defendeu. “Não sei se é um orçamento socialista, mas é um orçamento de quem quer fazer”, disse.
Daniel Felgueiras voltou ao púlpito para lembrar que se trata “de montantes elevados que saem do bolso dos valonguenses”. “A opção mais fácil é sacrificar os mesmos do costume, mas nos últimos seis meses as circunstâncias que vivemos mudaram radicalmente. Vejo com preocupação que se continue a falar de edifícios da Câmara que vão custar seis a sete milhões de euros como se estivéssemos nas mesmas circunstâncias”, discutiu.