O ano de 2021 foi difícil para as famílias que, em muitos casos devido à pandemia, perderam rendimentos ou o emprego, e viram o custo de vida aumentar.
Por isso, parece-nos de realçar uma medida adoptada pela Câmara de Paços de Ferreira que marcou o ano lectivo 2020/2021: a implementação de refeições escolares gratuitas até ao 12.º ano.
Paços de Ferreira foi o único concelho do distrito do Porto e dos primeiros a nível nacional a implementar este apoio para todos os alunos que residem no concelho e frequentam a rede de escolas públicas.
No total, foram beneficiados mais de 7.500 crianças e jovens e milhares de famílias. Recorde-se que as crianças do primeiro ciclo já eram abrangidas por este apoio desde 2018, tendo a medida sido alargada às crianças do pré-escolar e aos alunos do segundo e terceiro ciclos e ensino secundário da rede de escolas públicas do concelho.
Trata-se de um apoio que vem aliviar o custo de vida das famílias, sobretudo as da classe média, que têm sido mais afectadas na perda de rendimentos.
De salientar, que esta medida se insere num conjunto de outras que visam incentivar o aumento da natalidade no concelho e na região. Algo que ganha ainda mais significado quando os resultados provisórios do Censos 2021 mostram que este concelho, e os que o rodeiam, à semelhança do país, continuam a perder população.
Projecto Voz Amiga de apoio a idosos sozinhos e isolados – Paredes
Já havia solidão e idosos isolados antes da pandemia, mas os confinamentos e a necessidade de proteger os seniores, os mais frágeis perante o vírus, levou ao encerramento dos centros de dia e a que, cada vez mais, ficassem sozinhos em casa e saíssem menos à rua.
O projecto Voz Amiga, da Câmara de Paredes, que começou no final de 2020 mas ganhou asas em 2021, tem como grande meta combater o isolamento e a solidão da população idosa do concelho e ajudar na sua saúde mental, sendo que já são apoiados cerca de 80 seniores.
Uma equipa de psicólogas disponibiliza apoio psicológico gratuito, via telefone, a quem mais precisa, levando palavras de “conforto, carinho e força” a quem está do outro lado da linha. Uma simples conversa, muitas vezes sobre temas do dia-a-dia, com comentários sobre a situação pandémica, sobre o “bicho” que não se vai embora e os medos existentes, sobre a dificuldade de marcar uma consulta ou sobre uma televisão avariada ou uma frase como “estamos cá para ajudar, se precisar ligue”, bastava para dar algum ânimo a quem vive só.
Este ano, a meta é levar o projecto para um novo patamar, para uma assistência de maior proximidade com voluntários a ir ao domicílio fazer companhia, conversar, dar ajuda a uma ida às compras, a consultas médicas ou a uma simples caminhada, ou desenvolver actividades como leitura, bingo, cartas e jogos de memória, entre outros.
Um projecto meritório.
Bolsa de cuidadores para cuidar de quem cuida – Lousada
Outro que não tem menos mérito é o lançado pela Câmara Municipal e pela Santa Casa da Misericórdia de Lousada para criar uma Bolsa de Cuidadores designada “Lousada Cuida”, destinada a apoiar os cuidadores informais.
A ideia é dar resposta a uma premissa conhecida de todos: Quem é cuidador informal e tem a cargo uma pessoa com doença ou incapacidade sofre de exaustão física e psicológica, fica isolado da sociedade e, muitas vezes, menospreza a própria saúde.
O protocolo celebrado permite ter cuidadores “formais” a substituir os cuidadores informais por algumas horas, dando-lhes algum descanso, permitindo que vão, por exemplo, a uma consulta ou dar um passeio, um serviço gratuito para quem tem carências económicas. O diagnóstico feito sinalizou 300 cuidadores informais no concelho que podem beneficiar desta medida, mas serão mais, admite a Santa Casa.
Os cuidadores informais também recebem ajuda para obter apoios a que têm direito e apoio psicológico. “A partir do momento em que passei a ser também cuidador é que me apercebi da grande dificuldade que acarreta o cargo que não é remunerado, é pesadíssimo e a tempo inteiro”, assumia, na altura, o provedor da Santa Casa, Bessa Machado, que dava também um exemplo, claro, das dificuldades de um cuidador: “Há uma senhora com mais de 80 anos que cuida de dois filhos com deficiência há mais de 50 anos a tempo inteiro e sem condições nenhumas. Há situações dramáticas”.
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