Verdadeiro Olhar

Presidente da Câmara de Valongo exige investimento do Ministério da Educação

Foto: I.R.M./Verdadeiro Olhar

A notícia da exclusão das escolas secundárias de Valongo e Ermesinde da lista de estabelecimentos a requalificar com financiamento do Portugal 2020 foi recebida como “um balde de água fria” pelos directores das duas escolas. Paula Sinde e Álvaro Pereira lamentam que o concelho de Valongo “continue a ser um território de segunda” e exigem qualidade. O presidente da Câmara Municipal considera a situação das escolas uma “injustiça revoltante” e coloca “elevada expectativa” numa reunião que está agendada com o ministro da Educação. José Manuel Ribeiro exige investimento.

As más condições das escolas da tutela do Governo no concelho e o investimento de “nem sequer um euro”, dominaram o início da cerimónia de Abertura do Ano Escolar, dinamizada esta tarde pela autarquia. O presidente da Câmara Municipal de Valongo, José Manuel Ribeiro, manifestou “preocupação com a demora no arranque das obras nas Escolas Secundárias de Ermesinde e de Valongo”, acrescentando que o Governo tem desafiado os municípios a suportar a comparticipação nacional das candidaturas ao Portugal 2020. “Não nos perguntaram nada”, esclareceu, explicando assim que não chegou a ser colocada a hipótese de celebração de qualquer acordo de colaboração. “Mas se perguntassem não aceitávamos”, disse, referindo que há outros municípios que não aceitaram o desafio e, como tal, não constam também do despacho de 2 de Setembro, como será o caso do concelho do Porto.

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“É a hora do Governo fazer também o que lhe compete e requalificar as escolas públicas da sua responsabilidade”

O autarca diz não aceitar que o Governo não faça o que lhe compete e coloca “muitas expectativas na reunião que irei ter com o senhor Ministro da Educação, para corrigir esta injustiça revoltante, pois não é compreensível, nem aceitável que o Município de Valongo seja o único em toda a Área Metropolitana do Porto que não tenha recebido qualquer investimento público por parte da Parque Escolar em edifícios do Governo”. José Manuel Ribeiro recordou ainda que no mapeamento elaborado pela DGESTE do Ministério da Educação, estas duas escolas foram reconhecidas como intervenções do Governo em infraestruturas educativas de carácter prioritário, estranhando que “tendo sido já lançado o Aviso Norte 73-2016-02, no âmbito das candidaturas ao Norte 2020 para infraestruturas educativas da responsabilidade da Parque Escolar, não se saiba o ponto de situação desses investimentos da responsabilidade do Ministério da Educação”. José Manuel Ribeiro sublinhou ainda que tem questionado várias vezes sobre o avançar das obras.  O autarca enumerou os diversos investimentos nas escolas da responsabilidade da autarquia realizadas ao longo do mandato, que ascendem a cerca de um milhão de euros, apesar de serem necessárias obras no valor de cinco milhões. “É a hora do Governo fazer também o que lhe compete e requalificar as escolas públicas da sua responsabilidade, para corrigir este quadro de profundas e injustas desigualdades na nobre tarefa de educar e formar as nossas crianças e jovens”, disse, garantindo “não aceitar que o município seja discriminado”. Aos directoras das secundárias de Ermesinde e Valongo deixou a certeza de que “façam o que entenderem que estarei ao vosso lado com os meios todos da câmara”.

“Devemos, como território, exigir qualidade”

Foto: I.R.M./Verdadeiro Olhar

Paula Sinde e Álvaro Pereira, directores das escolas secundárias de Valongo e de Ermesinde, respectivamente, em declarações ao VERDADEIRO OLHAR, revelaram descontentamento em relação ao despacho conhecido esta semana. É “mais um balde de água fria” num processo de longos anos que deixaram ambas as escolas sem as necessárias obras de requalificação e manutenção, depois de em 2010 terem sido canceladas as empreitadas incluídas na Parque Escolar, contribuindo para  a sua degradação. Os responsáveis explicam que o número de alunos manteve-se no caso de Valongo e em Ermesinde até aumentaram as turmas do 5º ano. “Temos uma oferta formativa do mais diversificado que há e estamos sempre à procura de qualidade”, diz Paula Sinde, sublinhando que a par disto “precisamos de condições”. “Não há onde meter os alunos”, diz, sendo acompanhada de Álvaro Pereira que refere ter já de ceder o auditório, na Escola Secundária de Ermesinde, para aulas. “Devemos, como território, exigir qualidade”, dizem, sublinhando: “não estamos a pedir nada de mais. É o que temos direito”. Para ilustrar as diferenças referem ainda que foram a Santo Tirso buscar equipamento usado para as escolas de Valongo e Ermesinde, uma vez que nesse concelho vizinho as escolas vão ter material novo. “Valongo continua a ser um território de segunda”, concluem, acrescentando que concluída a prioridade de ter condições para arrancar com o ano lectivo “a partir de agora passamos a exigir” a realização de obras que garantam qualidade aos estabelecimentos.