Domingos Moreira Teles, falecido em 2015, dedicou parte da sua vida a construir um presépio que atrai milhares de pessoas a Beire, em Paredes. Agora, é a família quem perpetua a tradição de abrir portas, na altura do Natal, para mostrar os milhares de peças, muitas delas feitas pelo patriarca. Há 30 anos que esta mostra é aberta ao público.
Até 31 de Janeiro, quem visitar o Presépio de São Luís, vai poder ver os cerca de 960 santos, 595 ovelhas, 430 bonecos, mais de 300 peças de artesanato e as 1890 lâmpadas que iluminam os vários quadros que retratam cenas bíblicas e usos e costumes espalhados por 120 metros quadrados. A entrada é gratuita.
Milhares de figuras ocupam terraço e garagem. Entrada é gratuita
“Todos os bocadinhos que ele tinha eram para isto”, recordam a mulher e o filho de Domingos Moreira Teles, que começou este presépio em 1986.
A dor da perda ainda está muito presente, mas ainda assim a família optou por perpetuar o legado do paredense, que faleceu aos 79 anos. “Era a paixão do meu pai”, conta José Teles, de 39 anos, que, juntamente com um irmão e com o apoio da mãe, começou a preparar a montagem do presépio no mês de Setembro.
São milhares as peças que constituem as cenas retratadas e que ocupam a garagem e o terraço da habitação de família em Beire. “Tudo o que é de madeira e pedra foi ele que fez”, diz o filho. São sobretudo igrejas e casas, decoradas ao pormenor, como é o caso da Igreja Matriz de Paredes e da Igreja do Senhor dos Aflitos, em Lousada, da Igreja do Santuário de Fátima e uma réplica do Vaticano e da renovada Capela de São Luís.
Quem visita o Presépio de S. Luís começa por ver recriações de cenas bíblicas antes do nascimento de Jesus, como Adão e Eva no Paraíso ou o casamento de Nossa Senhora. Já na segunda parte da mostra surge a figura de Jesus Cristo, com a sagrada família, a fuga para o Egipto ou o palácio do Rei Herodes. Há ainda cenas do Calvário, com a última ceia com os apóstolos, o caminho de Jesus até à cruz e a ressurreição. Por todo o lado, estão também retratados os hábitos e costumes do passado, com direito a fontes e moinhos a funcionar. Logo na entrada há uma recriação de uma procissão com inúmeros andores.
Factura da luz ronda os 600 euros
As visitas vão decorrer até ao dia 31 de Janeiro, com a família a disponibilizar-se para receber as pessoas até cerca das 22h00. “Basta tocar à campainha”, garante Matilde Sousa, de 76 anos.
A entrada é gratuita, mas a família convida quem visita este presépio a deixar um donativo, se assim o entender, para ajudar a pagar a factura da luz, que ronda sempre os 600 euros. “Também temos os patrocínios de algumas empresas”, diz José Teles. “À Câmara de Paredes já pedimos apoio durante vários anos, mas nunca deram”, lamenta.
Visitantes não faltam. “Aos fins-de-semana vem sempre mais gente, mas todos os dias temos cá pessoas. Ainda no domingo veio um autocarro cheio. As pessoas gostam e prometem voltar”, conta a família.