Num ano atípico no que toca a efetuar previsões, muito se tem especulado acerca dos reais efeitos económicos a longo prazo. Com restrições pesadas ainda em vigor e muitos setores praticamente paralisados, poucas notícias animadoras têm surgido no panorama mundial.
Apesar do complexo cenário atual, o segmento do imobiliário continua a surpreender. Com um crescimento ao longo do ano, distritos como o Porto continuam a demonstrar a verdadeira resiliência aliada a esta atividade económica.
Terá a cidade do Norte de Portugal argumentos válidos para continuar a surpreender nos próximos meses? Vamos olhar para alguns dos dados mais recentes de forma a entendermos o percurso até este ponto e o que esperar do futuro.
Crescimento Sustentável
Quem o indica é o portal de referência Imovirtual ao publicar os mais recentes dados relativos ao mercado de venda e arrendamento. Ao longo do último ano, quem procurou comprar casa no Porto viu os preços aumentarem na ordem dos 2,2%.
Em abril de 2021, estes valores refletiam-se, na prática, em €317.577 ao qual se seguiu um aumento em maio para os €318.052. Apesar de aparentemente marginal, este reflete uma subida sustentada ao longo dos últimos 12 meses e que em muito comprova a solidez do mercado imobiliário no distrito.
Para estes valores em muito terão contribuído as moratórias de crédito, a disponibilidade de financiamento a juros apelativos e a perspetiva positiva a médio e longo prazo de que, uma vez controlada a situação pandémica, o Porto regresse ao mapa do turismo internacional.
É impossível prever se nesse período temporal outros fatores negativos poderão surgir e impactar este percurso, porém, no que foi uma fase tumultuosa em termos económicos a nível mundial, os resultados foram manifestamente positivos.
O Cenário Pós-pandemia
É impossível contornar o assunto em questão, uma vez que ele condiciona praticamente todas as áreas da nossa vida presentemente. Será extremamente interessante conceber um mundo onde o teletrabalho tenha uma adoção em massa e a dependência da vida urbana seja redefinida.
Em parte, algumas cidades do país sentem já um ligeiro êxodo, com uma faixa considerável de profissionais dos ramos tecnológicos a pretenderem estabelecer-se em distritos mais a interior, ou pelo menos, onde os preços da habitação sejam mais acessíveis.
Tal não significa que o mercado imobiliário das grandes cidades enfrenta uma crise. Pelo contrário, aparenta redesenhar a própria cidade como um centro de cultura, animação e estadias de curta duração (nomeadamente turismo). Nesse sentido, para os investidores existe ainda um enorme apelo no segmento de luxo, bem como na aposta a longo prazo em imobiliário para arrendamento temporário.
O Porto do Amanhã
Se esta redefinição de conceitos em redor da cidade irá alterar a traça da cidade do Porto, é ainda bastante prematuro afirmá-lo. Nem todas as áreas laborais podem ser convertidas ao teletrabalho, o que significa que uma grande porção dos habitantes das áreas urbanas tendem a permanecer.
Porém, com os preços médios em cidades como Lisboa, Porto ou Faro a não demonstrarem sinais claros de abrandamento, as opções de habitação condigna tornam-se cada vez mais raras para a classe média.
Na ausência de políticas para colmatar a forma como estes distritos se foram alterando ao longo dos últimos anos, resta-nos aguardar para descobrir de que forma se ajustará o Porto à evolução natural do imobiliário e do mercado que o procura.