Verdadeiro Olhar

População manifesta-se para pedir mais segurança, passeios e passadeiras na EN319 em Sobrosa

A população de Sobrosa, em Paredes, promete sair à rua, este domingo, para se manifestar, pedindo mais condições e segurança na Estrada Nacional 319, que atravessa a freguesia.

A via está a sofrer uma intervenção da Infraestruturas de Portugal e já foi pavimentada, mas os moradores queixam-se de muitas falhas na execução da obra, sobretudo para quem ali circula a pé. Faltam passeios e não estão projectadas passadeiras, faltam medidas estruturadas para a redução da velocidade de forma a diminuir o número de acidentes que ali acontecem com frequência; e houve desleixo no que toca a valetas e bermas que são demasiado elevadas, tal é o desnível do novo piso.

Para chamar a atenção para o tema, de manhã, pelas 9h30, haverá uma caminhada pela EN319, com início nas bombas de combustível da Repsol. À noite uma vigília, pelas 21h00, junto ao entroncamento “do Serralheiro”, pede uma rotunda naquele local, como forma de reduzir a velocidade na estrada nacional e também facilitando o acesso a quem quer entrar na via.

“Isto começou torto e queremos tentar prevenir uma desgraça”

“Isto começou torto e queremos tentar prevenir uma desgraça”, explicam Ricardo Silva e Diana Costa, que têm negócios lado a lado na estrada nacional. “Aqui todas as semanas há acidentes, não há sinalização, passadeiras, passeios e é uma estrada com muita afluência. Está um perigo. Ainda ontem uma criança quase era atropelada aqui”, dão como exemplo.

O problema não é novo, mas os moradores vêm na intervenção que está a ser realizada uma oportunidade perdida. “Até Duas Igrejas tirou-se o piso velho para manter a cota aqui meteram o piso por cima. Na segunda-feira começaram a meter o asfalto sem fresar. Há sítios onde o desnível é tanto que uma casa teve que perder dois degraus para depois não entrar água e há casos de pessoas que não conseguem entrar com o carro na garagem”, dá como exemplo Ricardo Silva.

“Isto parece uma auto-estrada. Aqui há muitos acidentes. Não há passeios e há muita gente aqui a circular a pé, é um perigo enorme”, garante o empresário. “Não vai haver passadeiras, já nos disseram. Há muita gente revoltada”, garante.

Os moradores já fizeram reclamações junto da Infraestruturas de Portugal (IP), mas sem sucesso. “Como isto não vai lá com reclamações decidimos ir para a rua e fazer uma manifestação”, justifica Ricardo Silva.

De manhã haverá uma caminhada solidária que vai percorrer a estrada para mostrar que não há condições de circulação, à noite uma vigília com cruzes e velas no cruzamento “do Serralheiro” onde pedem uma rotunda. “Esperamos centenas de pessoas”, admite Ricardo Silva.

“Ali à frente morreram três pessoas e depois fez-se logo uma rotunda”

No cruzamento, em vez de uma rotunda, nasceu uma estrutura ovalada que quase não dá espaço para a manobra de autocarros e camiões, o que não faz sentido numa zona com fábricas e com elevada circulação de veículos pesados, sustentam os moradores.

“Queremos uma solução antes que aconteça uma desgraça. Ali à frente morreram três pessoas e depois fez-se logo uma rotunda”, recorda.

Com o camião parado a tentar passar, António Pinto, motorista de pesados, não tem dúvidas: “para passar com um camião aqui é complicado e não há espaço para peões”. Além disso, a velocidade com que os carros passam na estrada nacional complica a entrada de quem vem da estrada municipal.

Ali ao lado, as crianças agora esperam pelo autocarro num espaço sem paragem, já que a que existia foi retirada devido às obras.

A EN319 é “uma autêntica pista” onde os carros testam limites de velocidade, garante Diana Costa. “Há aqui carros a passar à noite a mais de 150 quilómetros por hora”, diz Adão Soares, que também ali mora, e viu a casa ter que perder dois degraus da entrada e ganhar um novo patamar, devido ao desnível com que ficou o alcatrão.

Glória Rocha também aí mora nuns prédios mais à frente. Todos os dias vai à paragem, mesmo em frente, buscar o neto, porque não se sente segura. “Vou participar na vigília e na caminhada. Esta estrada está muito perigosa. A minha filha já fez um abaixo-assinado para colocarem aqui uma passadeira”, conta a paredense. “Doí-me a barriga quando vejo ali as crianças a atravessar. Isto parece uma auto-estrada. Já apanhei aqui muitos sustos. É preciso ter muito cuidado”, garante.

“Nem por existirem paragens de autocarro existe qualquer tipo de passadeira, ou seja, as próprias crianças que se deslocam no autocarro escolar não têm forma de atravessar de um lado da estrada para o outro de forma segura”, diz Diana Costa. Muitas deslocam-se também pela estrada sem passeios.

Os moradores lembram que, em 2006, a população também se mobilizou para pedir semáforos no Cruzamento das Campas, palco frequente de acidentes, o que foi conseguido.

IP diz que obras vão melhorar circulação e segurança

Contactada, a Infraestruturas de Portugal lembra que tem em curso trabalhos na EN319, em Paredes, no âmbito de uma empreitada beneficiação preventiva de pavimentos, sensivelmente entre o quilómetro 18 e o quilómetro 22 e entre o quilómetros 24 e o quilómetro 27.

“A intervenção em causa consiste numa intervenção preventiva com o objectivo de melhorar a qualidade e nível de serviço do pavimento. Neste âmbito, são executados trabalhos de melhoria das condições de circulação e segurança e intervenções pontuais de melhoria das condições de circulação pedonal na zona, tais como a execução de pequenos passeios e reposicionamento de paragens de transportes públicos”, explica a IP. “São também efectuadas melhorias no âmbito da drenagem da plataforma, reformulando os sistemas de drenagem existentes, trabalhos que permitirão melhorar, de forma significativa as condições existentes”, garante a mesma fonte.
A empresa adianta que a conclusão da empreitada está prevista para o dia 14 de Abril. Não esclarece, no entanto, se estão previstos mais passeios, passadeiras ou sistemas que limitem a velocidade no local.