Quando as coisas mudam, ou seja, quando pensas, porque te sentes nesse direito, e não dizes aquilo que os outros querem ouvir passas, imediatamente, de um extremo para o outro. Ou, como é comum ouvir-se, de bestial passas a besta.
Pior do que isso. Deixas de ser o indivíduo inteligente que eles dizem seres para, de imediato, te tornares no asno que só sabe dizer mal ou que só fala mas nada faz. De ti sabem apenas o que ouviram dizer e de ti dizem o que lhes disseram como se o direito de julgar os outros fosse um privilégio a que acederam pela simples condição de existirem, mesmo que pouco tenham feito para isso.
Eles nem sonham quem és ou fizeste, mas, para esses, a História começou no dia em que eles chegaram ao poder. Uma vez aí, a coisa complica-se. Os outros não só são tão maus como ouviram dizer como passam a ter um estatuto de inferiores. Eles chegaram ao poder e, para eles, pensando que pensam, quem é mau pode ser pior.
É neste engajamento pré-concebido e preconceituoso que os eleitos se vão achando
importantes- seja lá isso o que for- desde que se encontrem numa de duas situações: ou estão no poder ou ao lado de quem o tem. É a aplicação prática da serôdia e saloia sabedoria: se não podes com eles junta-se a eles.
Nem sequer me ocorre – ou ocorre? – a fábula do burro de Fedro que, com a sabedoria que
lhe é peculiar dizia: assim como assim qualquer dono me serve! Ao que se sabe pensava assim porque era burro.
E, dentro destas fronteiras castradoras do raciocínio, começa a espalhar-se a máxima perigosa e salazarenta: quem não é por mim é contra mim.
É também por estas e por outras que há um número cada vez maior de eleitos que não
entendem ou entendem mas não admitem que haja quem, ao contrário deles, veja o que eles só são capazes de olhar.
É também por isso que não percebem que só porque muda o poder pode apenas mudar isso: o poder.
É ainda por isso que alguns eleitos ficam tão cegos com a mudança que não percebem que
mudar por mudar não vale a pena.
De que lhes adianta ter sido contra o clientelismo partidário se continuam a alimentá-lo?
De que lhes serve ter exigido a transparência quando vivem na opacidade e até convivem com a mesma promiscuidade?
De que serve terem prometido o paraíso quando são “novos diabitos” que fazem como os
velhos, com quem, aliás, aprenderam?
Lá chegará o tempo, esse mestre impiedoso, em que perceberão o que alguém não lhes quis dizer quando disse:
-Tens toda a razão!
MEL: Os Bailes, a festa do Corpo de Deus e a Cavalhada em Penafiel
A recuperação dos bailes, a procissão do dia do Corpo de Deus e a tradicional Cavalhada em Penafiel, marcaram o mês na região. Como já antes dissemos é a diferença entre ter ou não ter História. É a diferença entre preservar e valorizar o património ou destrui-lo.
FEL: Provisórios? Definitivos?
Eram estas a velhas marcas de tabaco, sem filtro, que iam encurtando as vidas dos nossos
antecessores. Já não se veem agora, mas se as encontrássemos facilmente as distinguiríamos.
Já o mesmo não podemos dizer da rotunda que foi anunciada como provisória para testar o
trânsito em dois sentidos na Avenida da República em Paredes. A coisa até pode dar certa, mas se não der a bem dará a mal. Quem disse que era provisória está a construi-la definitiva e assim, quer haja ou não estudos encomendados ou por encomendar e diga-se o que se disser, o que conta é que está feita.
Fez-se definitiva. Oxalá não tenha de ser provisória.