Não seria preciso saber dos vícios da democracia para perceber que promessas eleitorais são só isso mesmo: promessas.
Se assim não fosse e se não fosse curta a memória dos eleitores, ao fim de quatro anos, nunca os mesmos venceriam as eleições.
Aquilo a que se assiste é de tanta desonestidade intelectual que, muito ou quase tudo do que é prometido aos eleitores fazer imediatamente, nos meses seguintes, no ano seguinte, nem no fim do mandato está realizado.
Para que as coisas não fiquem no âmbito da presunção, concretizemos a partir, por exemplo do concelho de Paredes, que é o que melhor conhecemos.
Há quantos anos, há quantos mandatos nos prometeram realojar a comunidade cigana? Já entrava para o anedotário nacional. É que ainda a comunidade não estava ali instalada e quem ali a “plantou” já prometiam e se comprometia com a solução.
Há quanto anos se fazem fotografias a denunciar e outras tantas a prometer soluções para a poluição dos rios Sousa e Ferreira? Resultados: ambos estão cada vez mais poluídos.
Há quantos anos nos prometem água e saneamento em todo o concelho? Concessionaram primeiro e, passado tanto tempo, nem a sede do concelho está coberta de saneamento básico.
Há quantos anos nos calamos enquanto vemos e sabemos que os negócios à volta do Complexo Desportivo das Laranjeiras já “renderam” mais de 10.000.000 (dez milhões) de euros e está como se vê?
Há quantos anos nos prometem acabar com o clientelismo partidário e se faz exatamente o mesmo ou pior do que aqueles a quem sucedem?
A lista podia estender-se em forma de livro e espalhar-se por outros concelhos. Não nos interessa culpar o partido A ou o presidente B, mas, antes, perguntar-nos porque deixamos que as coisas aconteçam assim?
Porque alimentamos a irresponsabilidade e a impunidade? Porque patrocinamos a mediocridade e a incompetência? Porque nos satisfazemos em maldizer e tantas vezes maltratar aqueles que, já sabíamos, nos iam enganar?
Lembramo-nos de Pedrogão, dos incêndios do ano transato e dos milhões que os portugueses, solidariamente, doaram para a recuperação das casas daqueles que realmente lá viviam. Sabemos do oportunismo dos cidadãos que, da noite para o dia, “já moravam ali” há muitos anos, como se o interior tivesse uma densidade populacional semelhante ao litoral.
E perguntamo-nos: Se tivéssemos o poder dos eleitos faríamos melhor do que eles?
MEL: Penafiel-Cidade Europeia do Desporto?
Para a ousadia dos autarcas de Penafiel. Qualquer que seja o resultado desta candidatura uma coisa é certa: Penafiel já ganhou. Quer pelo mediatismo da candidatura quer pelo reconhecimento de que possui todas as infraestruturas necessárias à realização deste evento de dimensão invulgar na região.
MEL: Paredes – Caminhar pelo Património
Hoje não há fel. A iniciativa é meritória, de tal forma que mesmo aqueles, como eu, que já fizeram trilhos por ali, nunca teriam descoberto a riqueza patrimonial, paisagística, gastronómica e cultural que uma freguesia tão pequena como Louredo tem.