“Tínhamos vários projetos, mas percebemos que o que mais faz falta é um parque de estacionamento”, disse o presidente da câmara.
A opção suscita-nos imensas dúvidas que, mal explicadas, podem tornar-se numa recusa completa.
As dúvidas podem resumir-se assim:
– Se “tínhamos” quer dizer o que eu penso, porque é que os habitantes da cidade nunca souberam desses vários e hipotéticos projetos? Nunca, em público ou privado, lemos, ouvimos ou vimos qualquer ideia plasmada numa declaração que fosse? Até dispensávamos o desenho. Bastava-nos saber que “tínhamos”. Ou não “tínhamos”? Vou pela última.
A outra dúvida, que pode merecer rejeição, resulta das razões invocadas por Alexandre Almeida. O presidente da câmara diz que o projeto se destina a dar apoio aos projetos existentes para aquela zona, nomeadamente duas cadeias de fast food. Ou andamos a leste da coisa ou todas as cadeias de restaurantes do género que conhecemos constroem elas mesmo os espaços que precisam quer para estacionamento quer para o serviço de drive in. Aliás, cremos ser condição obrigatória para o licenciamento deste tipo de projetos.
Fazer um parque de estacionamento para apoiar o serviço de drive in soaria a anedótico. A não ser que o restaurante ficasse no meio do parque de estacionamento.
Se assim for por que raios autarquia dará a estes restaurantes um parque de estacionamento que recusa dar aos restaurantes de comida tradicional? Cai pela raiz este argumento.
Outra das razões invocadas é a de apoio à estação ferroviária. Infelizmente, quem nos governou permitiu que a estação se aproximasse mais da qualidade de apeadeiro do que estação. Mesmo assim, e dando de barato a necessidade de um parque de estacionamento, não estou a ver os utentes do comboio a pouparem no transporte para gastarem no preço do estacionamento. Ou será de borla?
Facilmente se desmontariam mais razões se, efetivamente, existissem. Contudo, o que mais importa é falar da necessária alternativa, ou seja, afirmar mesmo e até com veemência que se ali não era lugar para a ETAR também não será para um parque de estacionamento. Nem vale a pena falar de questões de legalidade que têm a ver com o afastamento necessário do rio, mas sobretudo de mais uma oportunidade perdida para dar aos habitantes do concelho um mínimo de qualidade de vida.
Porque o texto já vai longo façamos a coisa por comparação. É mais simples e mais claro.
O rio Ferreira que percorre apenas as freguesias de Lordelo e Rebordosa, já teve mais do que uma intervenção – de milhões de euros de fundos comunitários – para a despoluição do leito do rio e para a recuperação e revitalização das margens. A despoluição, apesar das conferências de imprensa e da troca de “mimos” desnecessários entre os edis de Lordelo e de Paços de Ferreira, não está a correr bem. Parece que de nada servirá a excelente e merecida recuperação das margens se se mantiver o pivete que afasta quem por lá gosta de andar.
O rio Sousa percorre as freguesias de Paredes, Cete, Sobreira, Recarei, Parada de Todeia e Aguiar de Sousa. Segundo afirmam os autarcas são as freguesias de maior potencial turístico e, também segundo os mesmos, torna-se urgente olhar também para o sul do concelho.
Ainda não descobri razões para “plantar” parques de estacionamento em cima do rio e, muito menos, vi alguém com responsabilidades de poder afirmar sequer que está a fazer algo para salvar o rio Sousa.
Nem que fosse a famosa ciclovia que o anterior executivo disse que faria e não fez. É o mínimo que se pode exigir, depois de despoluído o rio.
Como de costume ficamos à espera, mas, como sempre, nunca sentados. Seja o poder do nosso partido ou de outro qualquer.
MEL
Recuperação das escolas de Rebordosa e Lordelo
E não nos venham com a história de que vai tudo para Rebordosa e Lordelo. Se há investimentos que nunca reprovaremos são os que se fazem na educação, sobretudo nestes casos onde a necessidade é mais do que evidente. Uma obra do governo central de que a autarquia, seguramente, se regozijará.
FEL
Contra os sofomaníacos
Esta coisa de ter opinião é difícil. Exige, antes de tudo, o estudo de tudo o que não se baseie apenas no que se ouviu dizer.
Se ter opinião não é fácil, fazer opinião não é para todos. Limitamo-nos a ter e rimo-nos dos que acham que a fazem. Muito. E de muitos.