Mas a União Europeia também está a mudar. Já se percebeu que o seu calcanhar de Aquiles é a grande dependência do sistema financeiro. A alta finança, poderosa e anónima, manobra e manipula. Os grandes lobbies internacionais, económicos e financeiros, manobram e manipulam. São os políticos quem se expõe e quem assume o ónus da culpa quando o sistema falha. Mas há prémios de consolação. A entrada de Durão Barroso na Goldman Sachs cheira a premio de consolação.
Entre nós não é menos verdade. Em Portugal também temos lobbies económicos e financeiros que procuram manipular as decisões do poder. E temos a Maçonaria e outras sociedades mais ou menos secretas que ao serviço daqueles e de outros interesses, mais ou menos complexos, se enredam numa teia de influências sem cor nem identidade. Estas redes envolvem todos os setores. Nos últimos tempos, a sociedade portuguesa tem sido abalada pela denúncia pública de algumas destas redes de poder. Não tenhamos dúvidas. Zangam-se as comadres sabem-se as verdades. Até que ponto é que esta guerra de interesses e de posicionamento no poder tem contribuído para o conhecimento de tantos escândalos económicos e políticos? Não devemos recear ou criticar os políticos, que só o são porque se disponibilizam para o ser, mesmo arriscando a sua atividade profissional e a sua privacidade. “Nos regimes democráticos, a ciência política é a atividade dos cidadãos que se ocupam dos assuntos públicos com seu voto ou com sua militância” (Wikipédia). Se não houver quem se disponibilize, quem dê a cara pela causa pública, como se gere e administra o que é de todos nós? Seria o caos e a anarquia. Devemos recear e afastar aqueles que através da política e dos cargos que ocupam, mais ou menos políticos, servem outros interesses de poder em que se encontram filiados ou a que se encontram vinculados e devem obediência. Podem ser empresários, banqueiros, juristas, magistrados, ministros, presidentes de Câmara ou vereadores. Estão por todo o lado e a esses devemos recear. Eles posicionam-se já para as próximas eleições autárquicas. Se não forem os candidatos serão os seus pupilos. Estejamos atentos.
Nas próximas eleições interessa-nos escolher quem se disponibilize, livre de compromissos destas forças secretas de poder, quem tenha competência e formação para gerir e valorizar a terra, o concelho ou a freguesia a que se candidata. Devemos preferir quem demonstre ter capacidade para dar oportunidade a todos por igual, sem diferenciar o credo ou a ideologia, porque todos somos poucos e porque a união faz a força.