A manhã desta quinta-feira acordou em Baltar repleta de poeira e a alta velocidade com o “Shakedown” inicial do Rali de Portugal. Milhares de amantes do desporto e curiosos de vários pontos do país e até mesmo do estrangeiro reuniram-se no kartódromo para verem os pilotos.
Sentadas, viradas para a pista e com um lenço a cobrir o rosto estavam Alice, de nove anos, e a mãe, de Paredes. O tema já é comum lá em casa, o pai aprecia a Fórmula 1 e ralis desde tenra idade e elas “por arrasto” acabam por participar. No entanto, a mãe desta menina revela que já trabalhou num rali e que, desde que viu “pela primeira vez no Algarve”, ficou “fã”.
Também da região, veio Diogo Ferreira que juntou um grupo de amigos, Domingos Santos e Raquel Tasa, o que “nem sempre é fácil a um dia de semana”. “Costumo vir desde há três anos, acompanho sempre os ralis, principalmente WRC, e o que mais gosto aqui em Baltar é mesmo o ambiente e o facto de estarmos próximos da pista”, refere. Já Raquel diz que costuma acompanhar os resultados, “mas nada muito sério”, uma vez que vem “mais pelo convívio de amigos e para ver os carros a fazer drifts”.
Mais à frente estava um grupo de amigos e familiares muito atento ao que se passava na pista, que até “farnel” e cadeiras trouxeram. Vieram de Ponte de Lima e é a primeira vez que vêm a Baltar, embora já acompanhem o evento há cerca de 30 anos. “Ia com o miúdo às costas e ele agora tem 33 anos e ficou com o bichinho, tudo o que for motor ele gosta”, revela José Martins, acrescentando que “este é o desporto que junta gente de todos os clubes, religiões, política e tudo e ninguém se pega, é triste que no futebol não seja assim também”.
Enquanto o amigo José Meneses não se importa muito com o vencedor, Hélder Martins, pertencente a outro grupo, de Felgueiras, aposta “as fichas todas no Tanak”.
Mas parece que não tinha razão. O piloto da Estónia, Ott Tanak, foi o mais rápido na primeira passagem, mas o belga Thierry Neuville (Hyundai), vencedor da edição passada, é que conseguiu o melhor tempo nos 4,6 quilómetros do circuito, à frente de Kris Meeke (Toyota) por 0,1 segundos.
Os espaços vazios entre as pessoas que assistiam eram poucos ao contrário da concentração posta na pista e a alegria por estar entre amigos. Traziam bebidas para se refrescarem, chapéus, cadeiras e até bandeiras identificativas dos países que vinham.
Também em grupo, mas de mais longe, vieram 10 amigos espanhóis. Revelam todos contentes que estão alojados na Maia, desde quarta-feira, numa casa com piscina, e que vão acompanhar todos os passos do rali. “Há 25 anos que vimos sempre ao melhor rali do mundo”, sublinha com um grande sorriso Alfonso Palencia.
Já António Santos, que traz uma bandeira da Venezuela às costas, conta que é descendente de portugueses e trabalha em França, mas reservou o “fim-de-semana prolongado” para vir ver o rali sozinho. Habitualmente, acompanha as provas deste desporto e acredita que “está cheio, mas amanhã promete também”.
O sol está forte, é quase hora de almoçar e Fátima Couto, o marido e os amigos já montaram a mesa. Leitão assado com batatas fritas e um vinho a acompanhar, enquanto se vêem os carros a passar. Vive mesmo ao lado do kartódromo e junta todos os anos os mais próximos para este convívio na altura do rali, que considera o seu “padroeiro”. “Adoro isto e não me importo com o barulho”, exclama.
Dos mais velhos aos mais novos e até animais de estimação não faltaram neste aquecimento inicial para os restantes dias do evento.
Na sexta-feira, as provas começam em Coimbra, Lousã, Góis, Arganil e, ao final do dia, Lousada. No sábado, o rali vai passar por Vieira do Minho, Cabeceiras de Basto e Amarante. Já o último dia chegará a Montim, Fafe, Luílhas e a cerimónia do pódio em Matosinhos.