Verdadeiro Olhar

Poder de compra da região continua abaixo da média do país

O Tâmega e Sousa é a segunda região do país com menor poder de compra. Apenas o Alto Tâmega tem um Indicador de Poder de Compra per capita (IpC) mais baixo, mostra o último estudo sobre o Poder de Compra Concelhio lançado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Em 2013, a maioria dos concelhos tinha um poder de compra per capita abaixo da média nacional, com apenas 32 a superar esse registo. Mais de metade do poder de compra do país estava reunido nas áreas metropolitanas, sendo que 23 municípios concentravam 50% do poder de compra nacional.

Na região, todos os concelhos mantêm um IpC abaixo da média nacional (100), apesar de terem registado aumentou entre 2009 e 2013. Entre os concelhos de Lousada, Paços de Ferreira, Paredes, Penafiel e Valongo, este último é aquele em que os habitantes têm maior poder de compra. Lousada é onde está o menor.

Tâmega e Sousa é a segunda região do país com menor poder de compra

A 11.ª edição do Estudo sobre o Poder de Compra Concelhio tem como objectivo “caracterizar os municípios portugueses relativamente ao poder de compra numa acepção ampla de bem-estar material”, explica o INE. Já o Indicador per Capita (IpC) do poder de compra, em que se baseia o estudo, traduz “o poder de compra manifestado quotidianamente, em termos per capita, nos diferentes municípios ou regiões, tendo por referência o valor nacional (Portugal = 100)”.

Em 2013, só 32 dos 308 municípios portugueses tinham um poder de compra per capita acima da média nacional. Os melhores resultados estavam, sem surpresa, nas áreas metropolitanas. Lisboa era o município que apresentava o IpC mais elevado (207,9), mais do que o dobro do índice nacional. Nas 15 primeiras posições, com um IpC superior a 110, encontravam-se ainda mais três concelhos da Área Metropolitana de Lisboa: Oeiras (180,7), Cascais (125,6) e Alcochete (115,3). Já a Área Metropolitana do Porto apresentava um valor de IpC de 105,1, mas acima da média nacional. Porto (169,9), São João da Madeira (130,1), Matosinhos (120,9) e Maia (111,1) superavam a média nacional e também a metropolitana, e Espinho tinha em 2013 um índice de poder de compra de 102,0. Os outros 12 concelhos tinham um poder de compra per capita abaixo da média nacional. Com menor poder de compra encontravam-se os municípios de Arouca (70,1) e de Paredes (76,8).

Entre os concelhos com maior poder de compra, acima da média do país, surgiam algumas capitais de distrito como Faro (132,3), Coimbra (130,3), Aveiro (123,5) e Évora (111,0) e concelhos como Sines (128,0), Funchal (111,9) e Azambuja (110,8), refere o estudo. “Esta análise sugere, assim, uma associação positiva entre o grau de urbanização das unidades territoriais e o poder de compra aí manifestado quotidianamente”, conclui.

Felgueiras, Penafiel e Paços de Ferreira com os melhores índices do Tâmega e Sousa

Se a maioria dos concelhos do país apresentava indicadores abaixo da média nacional, 143 municípios (46% do total) tinham mesmo valores de IpC inferiores a 75. “Dos 10 municípios com menor poder de compra per capita manifestado, oito pertenciam ao Interior das regiões Norte e Centro (distribuindo-se pelas sub-regiões Tâmega e Sousa, Alto Tâmega, Douro, Terras de Trás-os-Montes e Viseu Dão Lafões) e dois à Região Autónoma da Madeira”, refere o documento lançado pelo INE.

Só no Tâmega e Sousa estão quatro dos concelhos com menor poder de compra do país: Cinfães (56,54), Celorico de Basto (56,64), Resende (59,11) e Baião (59,40). Cinfães é mesmo o concelho com o índice mais baixo. Neste concelho, o IpC é de quase metade do nacional. Com indicadores abaixo da média nacional em todos os concelhos, em termos regionais (NUT III), o Tâmega e Sousa surge como a segunda região do país em que os habitantes têm menos poder de compra. O índice desta região (71,5) é apenas ultrapassado pelo Alto Tâmega (71,4). Também no Douro (78,0) e Beiras e Serra da Estrela (79,8) o poder de compra per capita médio não atingia 80% do valor médio nacional.

Nos concelhos de Lousada, Paços de Ferreira e Penafiel, que integram a região do Tâmega e Sousa, a realidade tem sido de aumento ligeiro do poder de compra ao longo dos últimos anos, mostram os estudos do INE. Ainda assim, estão longe de chegar à média nacional. Destes três municípios, aqueles em que os habitantes têm maior poder de compra são Penafiel (75,65) e Paços de Ferreira (75,17). A seguir a Felgueiras (80,30) estes são os dois concelhos com os indicadores mais elevados da região, ficando mesmo acima da média regional (71,5). Já Lousada tem um dos IpC mais baixo – 69,33.

Evolução do índice de poder de compra por concelho
Concelho200920112013
IpC*% de Poder de CompraIpC*% de Poder de CompraIpC*% de Poder de Compra
Portugal100100100100100100
Continente100,4695,81100,8395,94100,7595,84
Norte87,6430,8689,2231,2192,0332,16
AM Porto115,0413,9111,2813,57105,07**17,54**
Tâmega e Sousa63,483,3567,153,5171,51**2,94**
Lousada64,040,28964,550,29169,330,314
Paços de Ferreira70,560,37571,620,38675,170,411
Paredes69,280,56974,550,61676,840,64
Penafiel68,960,46469,560,47775,650,518
Valongo86,790,80486,450,77688,970,812
* Indicador do Poder de Compra per capita
** Em 2013, o concelho de Paredes integra já o índice da Área Metropolitana do Porto. Até esse ano, entrava nas contas do Tâmega.

Paredes tem o segundo índice mais baixo da AM Porto

A Área Metropolitana do Porto viu o seu índice baixar em 10 pontos entre 2009 e 2013, de 115,04 para 105,07. Recorde-se que a configuração desta NUT mudou com a entrada de Paredes para esta região, mas o índice já estava em queda em 2011. Arouca e Paredes são os dos concelhos desta área metropolitana onde os habitantes têm menos poder de compra, com IpC abaixo de 80. Ainda assim, o poder de compra da população paredense tem vindo a crescer desde 2009, sendo o segundo mais elevado dos cinco concelhos em análise.

É Valongo, que também integra a AM Porto, o concelho que tem o IpC mais elevado, de 88,97. Ainda assim, muito abaixo da média do país. É o 10.º concelho da área metropolitana com melhores indicadores. A evolução deste indicador no município sofreu uma pequena quebra, em 2011, mas o índice actual supera o registado em 2009, mostram os dados do INE.

Poder de compra concentrado nas áreas metropolitanas

Este estudo analisa ainda a Percentagem de Poder de Compra (PPC), um indicador derivado do Indicador per Capita que avalia o grau de concentração do poder de compra nos diferentes territórios, “tendo em consideração que as áreas de maior ou menor poder de compra no território nacional dependem, não só da distribuição do poder de compra per capita pelo país, mas também da distribuição espacial da população residente”.

O INE conclui que o poder de compra se concentrava de forma mais intensa nas regiões do Litoral continental. Mais de metade do poder de compra do país estava nas áreas metropolitanas – Área Metropolitana de Lisboa (34%) e Área Metropolitana do Porto (18%).

Cerca de 50% do poder de compra nacional estava concentrado em 23 municípios. Só Lisboa representava 10% do poder de compra total do país. Outros 22 municípios concentravam individualmente mais de 1% do poder de compra nacional. “Os resultados sugerem que o poder de compra se encontra associado à dimensão urbana dos municípios e, portanto, territorialmente muito concentrado”, diz o INE.

No Tâmega e Sousa a percentagem de poder de compra não chegava, em 2013, aos 3%. Uma quebra em relação a 2011, provavelmente explicada pela saída de Paredes para a Área Metropolitana do Porto. Já esta NUT registou um aumento da percentagem de poder de compra para os 17,5%. O concelho com PPC mais elevado é Valongo e o mais baixo Lousada.