O pai era o Príncipe inglês Edward, que devia ter herdado o trono mas foi obrigado a exilar-se pelos invasores dinamarqueses. Refugiado na Hungria, Edward casou-se com a Princesa húngara Agatha. A filha Margaret nasceu a 8 de Setembro de 1045 no castelo de Reka, na localidade de Mecseknádasd, Pécsváradi, na região de Baranya, na Hungria. Os irmãos Cristina e Edgar também nasceram aí.
Entretanto, a vida política deu uma volta em Londres e Edward, pai de Margaret, foi chamado ao trono inglês. A família regressou, mas Edward morreu pouco depois de desembarcar, sem chegar a tomar posse. Margaret tinha 10 anos.
Nova reviravolta: os normandos invadem a Inglaterra e conquistam-na na batalha de Hastings em 1066. A mãe de Margaret tem de fugir com os filhos para o Norte, para perto da fronteira com a Escócia. Margaret tinha 21 anos.
Malcolm Canmore III, Rei da Escócia, que acolheu generosamente a viúva e os seus três filhos, mereceu um grande prémio por esse seu gesto cavalheiresco: conhecer Margaret, uma donzela linda e encantadora. Malcolm era viúvo e o presente veio mesmo «caído do céu». Em 1070, casa com Margaret em Edinburgh, no castelo de Dunfermline.
Tiveram 8 filhos, seis rapazes e duas raparigas. Margaret transformou o severo Malcolm e ficou para a história o ambiente muito vivo e a alegria desta família, adorada pelo povo. O casal vivia profundamente a sua fé e os filhos acompanhavam-nos. Rezavam juntos, cuidavam dos pobres e dos doentes, defendiam com justiça os fracos, multiplicavam-se em iniciativas para promover a cultura, a arte e a educação na Escócia. Sem perder o carácter íntimo de uma casa de família, o castelo de Dunfermline transformou-se num hospital, numa universidade, num centro de espiritualidade e catequese e num parlamento.
A ideia do parlamento foi de Margaret, que se inspirou no sistema que tinha visto em Londres, para os representantes do povo participarem activamente na governação e serem co-responsáveis por ela.
Malcolm apoiava-se em Margaret para tudo, também no governo do Reino, e ela, com a sua doçura e inteligência, ajudou-o a transformar o país. Graças a eles, a Igreja cresceu e purificou-se. Foram corrigidos os abusos de alguns clérigos e de alguns poderosos, lançou-se uma evangelização profunda, organizaram-se actividades, convocaram-se sínodos, construíram-se igrejas, fundaram-se abadias e escolas. Renovou-se a liturgia, promoveram-se os sacramentos, em particular a Confissão. Sobretudo, a população aderiu ao exemplo de virtude daquela mulher e da sua família.
Margaret não era só linda, simpática, divertida, cheia de vida e de iniciativa. Não era só uma mulher de grande visão, cultural e política. Era tudo isto, e uma alma de profunda vida interior. Todos os dias oferecia sacrifícios a Deus, alguns bem grandes, e dedicava tempo e energia à oração, porque sabia que o verdadeiro fruto dos seus esforços dependia dessa generosidade com Deus. O povo ainda hoje lhe chama a «Pérola da Escócia». Malcolm, que não sabia ler, compreendeu o valor da oração de Margaret e fez com que lhe decorassem os livros de devoção com iluminuras de qualidade artística. Um desses exemplares, que se salvou depois de grandes peripécias, pode admirar-se actualmente em Oxford.
Em 1093, quando Margaret estava a ponto de morrer, o marido Malcolm e Edward, o filho mais velho de Malcolm, do anterior casamento, morreram numa batalha em Alnwick. Quando lhe dão a notícia terrível, Margaret afirma que de Deus só recebemos coisas boas e agradece-Lhe ter-lhe enviado essa aflição tão grande como estímulo para a purificar dos seus pecados. Três dias depois do marido, a 16 de Novembro, com 48 anos, Margaret morre.
O Papa Inocêncio IV canonizou esta mulher extraordinária. Margaret é a padroeira da Escócia e a sua memória celebra-se a 16 de Novembro, para festejar o dia em que esta santa foi recebida por Deus no Céu.