Os sindicatos dos professores têm muita força. Reivindicam aquilo que não tiveram abertura para exigir em anteriores governos. Pelo menos não foram tão agressivos como estão a ser agora. Este governo reconheceu as suas razões, recomeçou a reorganização dos quadros, dos concursos e reiniciou a vinculação e integração dos professores com mais tempo de serviço e em situação precária. Uma tarefa complexa porque foram muitos os anos em que nada se fez. Finalmente é anunciado que a partir de um de janeiro de 2018 começará a funcionar de novo a contagem de tempo de serviço para a progressão das carreiras. Os professores são muitos mas não são os únicos que estão nesta situação nem os que têm as carreiras congeladas há mais tempo. Alguns, como os profissionais da saúde, médicos e enfermeiros, têm a progressão nas carreiras congeladas há doze anos. Os militares e os policias manifestaram já a sua vontade de reclamar as mesmas condições que os professores conseguirem. Os magistrados não ficarão atrás e são uma força poderosa e temida.
Então onde está o bom senso deste povo? Diz-se que não se deve espremer demais a teta porque a vaca deixa de dar leite.
O ministro das finanças já anunciou que 47% dos professores, 37% de médicos e magistrados e 57% dos enfermeiros vão progredir na carreira já em 2018. E ele é que sabe o que é possível.
A grande vitória dos trabalhadores da função pública está na oportunidade de ter conseguido incluir no orçamento para 2018 o levantamento do congelamento das carreiras. Até o governo manifestou a sua satisfação, não fossem eles também funcionários públicos. Quantos já se reformaram prejudicados por este congelamento? Serão 46 mil professores, num total de mais de 115 milhões de euros sem efeitos retroativos.
Mas teremos também a progredir na carreira 37% de médicos e magistrados, 57% dos enfermeiros e 40% das carreiras gerais. Muita gente que espera que se faça justiça. Se tudo fosse feito de uma só vez, como alguns pretendem, seriam mais de 600 milhões de Euros.
Não há Portugal que aguente.
Reconhecer o direito dos trabalhadores é a primeira fase. Aceitar a contagem de todo o tempo perdido por congelamento será a outra fase. A progressão na carreira, aceitando essa contagem de tempo, é fundamental e justa. Mas não poderá ser efetuada num só ano e não implica retroativos porque não se está a exigir as retribuições não pagas, isto é, o prejuízo causado pelo congelamento.
Mas se todos exigirem tudo já, poderá não haver nada para ninguém.