Há quase 30 anos, no dia 7 de fevereiro de 1992, assinou-se o Tratado de Maastricht, que criou a União Europeia. Governava-nos o Primeiro-ministro Cavaco Silva. Doze países, entre os quais Portugal, preparavam o futuro que hoje é presente.
Transformaram definitivamente o projeto europeu numa União política; criaram uma união monetária, com os primeiros passos do euro; instituíram o espaço de liberdade de segurança e justiça, que hoje nos permite circular livremente no espaço schengen, cooperar na luta contra o terrorismo, e ter o casamento reconhecido num país diferente do que o que casamos. Não menos importante, aliás brutalmente atual, estes doze países viram que o mundo estava vertiginosamente e cada vez mais interligado, e por isso exigiria mais cooperação também nas políticas de saúde. A União ganhou as suas primeiras competências neste domínio, cruciais para que o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) – hoje famoso – fosse criado.
Com base na informação disponível há época, os líderes de então tentaram antecipar os problemas do futuro e melhorar a vida dos seus cidadãos. Essencialmente, planearam. E hoje colhemos os frutos desse planeamento (mesmo que alguns nos tenham chegado com bicho).
Não se pede o mesmo rasgo entre nós. Pede-se apenas mais do que o que tivemos até aqui. Não se governa se apenas nos tentamos desviar da espuma dos dias.
Temos caos na saúde, na educação, na economia, em tudo. Vivemos tempos sem eco no último meio século, mas ao cabo de quase um ano de pandemia já não estamos perante uma novidade, sobre a qual nada se conhece. Faltam computadores na escola, faltam meios na saúde, faltam apoios aos empresários.
A historia mostra-o e já deveria ser um lugar-comum. Mas não é. Repitam bem alto, pode ser que nos ouçam: planear evita o caos!