Coração. Será essa a palavra-chave da exposição de António Ribeiro que estará patente, no Museu Municipal de Penafiel, entre este sábado e o dia 5 de Junho. Foi a paixão pela pintura que levou este penafidelense, natural de Abragão, gestor de uma empresa na área da construção e obras públicas, a pôr na tela os seus pensamentos e sentimentos.
“A Minha Arte é o Meu Coração” é o nome da mostra que reúne 38 telas pintadas a óleo, que percorrem dois anos e meio de trabalho do autor, e que procuram transmitir “força, pensamento e sentimentos”. A inauguração é este sábado, às 16h00.
Gestor de uma empresa e dedica-se à pintura aos fins-de-semana
Nascido em Abragão, em 1961, no meio da natureza, António Ribeiro cresceu num mundo rural, dividindo os seus dias entre a escola e a ajuda à família em pequenas tarefas domésticas, como ir à lenha ou tratar do gado.
Acabaria por ir estudar para o Porto com apenas 11 anos. “Naquele tempo, quase nenhum miúdo da minha idade ia estudar. Os meus amigos foram todos trabalhar”, recorda o abragonense. Era bom aluno e a professora convenceu os pais a deixá-lo ir. Foi lá que teve o primeiro contacto com os pincéis e as tintas, nas disciplinas de trabalhos manuais.
“Pequeno e franzino”, e como já existia um Ribeiro na escola, cedo passou a ser chamado de “Ribeirinho”. Quando voltou a casa, anos mais tarde, e foi jogar à bola no clube da terra, o nome manteve-se. E foi esse apelido que escolheu para assinar as suas obras: “A. Ribeirinho”.
Terminado o liceu, foi trabalhar numa empresa de construção e obras públicas, “a primeira oportunidade que apareceu”, conta. “O meu lema na escola já era ser o melhor, fosse no que fosse. Isso manteve-se na minha actividade profissional”, explica, assumindo-se como determinado. E foi essa vontade de crescer que o levou a começar como escriturário e ser hoje gestor da empresa, uma das maiores da região. A pintura é algo que guarda para os fins-de-semana.
Casou-se, teve um filho, e tem um neto de quatro anos, que já eternizou num quadro.
“Inspiro-me naquilo que vejo, naquilo que penso e naquilo que sinto”
Na década de 90, a pintura marcou presença na sua vida durante algum tempo. “Sempre gostei muito de arte. A pintura, as cores, as formas, mexem muito comigo. É uma paixão”, admite António Ribeiro.
Autodidata, comprou umas telas e óleos, pediu conselhos, leu, investigou, foi a exposições… e começou a pintar. E isso deu-lhe a satisfação que procurava. “Sinto-me feliz a pintar”, diz.
Acabou por participar em duas exposições colectivas e numa individual, no Centro Cultural de Campo, em Valongo.
A vida levou-o depois por outros caminhos e atrás de outros sonhos, deixando a pintura um pouco de lado.
Até que, há dois anos e meio, sentiu a necessidade de voltar a pintar e decidiu preparar uma exposição.
As pinturas fazem-se sobretudo de pessoas, de animais e de cores fortes. “Inspiro-me naquilo que vejo, naquilo que penso e naquilo que sinto. Sou uma pessoa de temperamento forte e marcado e isso passa para a minha pintura”, acredita o penafidelense.
As expectativas deste pintor “aos fins-de-semana” é de que os visitantes levem algo consigo daquilo que viram e que as obras passem a fazer parte deles. “Que haja partilha. A arte só tem fundamento se for vista e partilhada”, defende.
Quadros favoritos, não têm, não escolhe “entre filhos”. “Todos têm a sua história e um pedaço de mim. Adoro-os a todos”, garante.
No futuro, António Ribeiro quer continuar a pintar e diz que já há ideias que lhe povoam o pensamento à espera de ganhar formas e cores numa tela.