Após ter testado positivo à Covid-19, o presidente da Câmara de Paços de Ferreira, Humberto Brito, foi acusado de não ter cumprido com o isolamento profilático. O autarca, que veio a público negar ter violado o isolamento ao qual estava sujeito, diz ter em sua posse dois testes negativos que comprovam não estar infectado.
Na sequência desse alegado incumprimento, a Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou à Lusa a existência de um inquérito a decorrer nos termos do Departamento de Investigação e Ação Penais Regionais (DIAP) da comarca de Porto Este, não constituindo, ainda, arguidos.
Como base, foi tida em consideração uma denúncia por parte dos bombeiros da corporação de Paços de Ferreira à GNR, afirmando que o autarca “desrespeitou o isolamento profilático de 14 dias a que estava obrigado”, após o próprio ter declarado, a 8 de Julho, que testara positivo à Covid-19.
O comandante da corporação, Pereira da Costa, foi confrontado com relatos de fontes de bombeiros, confirmando as afirmações à Lusa. Por outro lado, o presidente da Câmara recusou a alegada violação do dever de confinamento uma vez que, no dia 12 de Julho, tinha em seu poder um conjunto de testes de resultado negativo ao vírus. Além disso, como já foi noticiado anteriormente, acusou os bombeiros de o tentarem “denegrir pessoal e politicamente”.
No dia 8 de Julho, Humberto Brito informou ter sido um dos cinco casos positivos na autarquia, após terem sido realizados testes a todos os colaboradores do município de Paços de Ferreira. Posteriormente, no dia 12, uma equipa de saúde dos bombeiros pertencentes ao município, foi chamada a casa do pai do autarca, onde Humberto Brito estava presente.
A Lusa avança que, durante esse domingo, fontes afirmaram ver o presidente no Hospital Padre Américo, em Penafiel, comunicando os factos à GNR local. Da mesma forma, foram fornecidas informações à agência noticiosa sobre o confronto dos bombeiros, em casa do pai do autarca, peço facto de Humberto Brito não estar a cumprir quarentena. Este, por sua vez, mostrou-lhes os testes que terão dado negativo.
O presidente da Câmara de Paços de Ferreira afirmou não haver “nenhum desrespeito pelas normas de confinamento que se impõem a quem testa positivo”.
“No meu caso, os dados provam que provavelmente nunca tive contacto com a covid-19. Posso afirmar que depois de um conjunto de testes que realizei, os mesmos viram todos negativos”, acrescentou. “Mais lamento que a atitude dos bombeiros tenha ocorrido no dia que sabiam que o meu teve um enfarte de miocárdio e foi internado de urgência nos Cuidados Intensivos de Cardiologia no Hospital Padre Américo, com prognóstico reservado, desconsiderando todo o sentido humanitário”, acrescentou.
Fonte autárquica contactada pela Lusa, disse desconhecer a existência de qualquer inquérito da PGR sobre este caso.