Hoje, mais uma vez, com os nossos alunos, no âmbito da disciplina de História, discutimos a democracia a propósito do seu nascimento na Grécia. Quando lecionamos em termos comparativos apercebemo-nos de que todos sabem que a democracia nasceu imperfeita, todos concluem que hoje a democracia é um sistema que se desenvolveu melhorando e, mais importante, unanimemente reconhecem que a qualidade da democracia em que vivem é incomparavelmente o melhor dos sistemas. Aliás, de imediato, e bem, contrapõem que a alternativa à democracia é o autoritarismo e as ditaduras que, também todos, repudiam. Estes valores como suporte de uma aprendizagem para a cidadania plena são, parecem-nos, fundamentais.
A questão deixa de ser tão simples quando se dispõem a caraterizar a democracia em que vivem. Facilmente afirmam que a igualdade de género, apesar de todos os progressos, é ainda um processo que está longe de ser concluído e mais ainda referem que as desigualdades sociais são os maiores desafios que se colocam ao regime e disso se sentem também vítimas.
A afirmação dos valores que tentamos transmitir torna-se, no entanto, mais difícil quando confrontados com aquilo que consideram como defeitos – sabem que a democracia continua a ser imperfeita- sem hesitações e convictamente proclamam que a corrupção é insuportável e é o que mais os faz desconfiar do regime.
Cabe a nós, enquanto informadores e educadores, não negar que a corrupção existe, que corrói a democracia, mas temos de evitar as generalizações que acabam por ser sempre perigosas e um maná para os populistas.
Cabe a quem detém o poder tornar efetivo o combate à corrupção. A pequena e a grande. A ativa e a passiva. A que existe nos órgãos do poder, desde as juntas de freguesia aos governos. A dos pequenos poderes e a dos poderosos.
Esta é a lição, mais uma, que aprendemos daqueles a quem tentamos ensinar. Ainda bem que aprendemos, melhor ainda que cresçam com a consciência critica capaz de separar o trigo do joio. Se conseguirmos isso já fizemos muito por todos.