São quase 200 os voluntários que colaboram na realização das duas classificativas do Porto.Extreme XL Lagares que vão decorrer na freguesia de Lagares, em Penafiel, e que traz ao concelho os melhores pilotos do mundo.
Este ano, a prova tem a novidade de acolher a etapa portuguesa do Campeonato do Mundo de Hard Enduro, que faz parte de um novo campeonato designado por WESS (World Enduro Super Series).
O director e responsável pela organização do Porto.Extreme XL Lagares, Paulo Moreira, o rosto e a alma desta competição tida como uma das mais espectaculares do mundo, assegurou que o evento, que inicia esta sexta-feira, com a prova de enduro cross, promete ser novamente uma referência para os aficionados das duas rodas.
Ao Verdadeiro Olhar, o director de prova adiantou que as duas classificativas que se vão realizar em Lagares, além da espectacularidade do evento, das manobras dos pilotos, com a nata do enduro cross e do hard enduro a estar em Penafiel, envolvem todo um trabalho árduo que está por detrás, uma vasta equipa de voluntários, sem os quais não eram possível realizar a competição.
“Estamos a falar de pessoas que trabalham connosco há vários anos, que conhecem a dinâmica desta competição, que desempenham diferentes tarefas, desde a segurança, o apoio a logística, a alimentação, no percurso das classificativas, com o objectivo de assegurar a máxima comodidade ao público e aos pilotos”, disse, salientando que a organização começou a preparar a competição em Novembro de 2017 com uma equipa reduzida, de apenas três elementos, tendo essa equipa alargado a partir de Fevereiro deste ano.
“Na corrida principal, que se realiza do domingo, vão estar a coadjuvar a organização cerca de 180 pessoas”, assegurou, salientando, também, o contributo da Câmara de Penafiel, que é parceira neste evento, e cuja colaboração tem facilitado o trabalho na questão das licenças.
“De referir que o licenciamento deste tipo de competições é difícil de conseguir porque atravessa algumas linhas de águia, algumas delas protegidas, vamos andar dentro do recém criado Parque das Serras do Porto e há alguns limites que têm de ser respeitados para que a competição seja realizada”, expressou, reconhecendo que a parceria que a organização tem estabelecido ao longo das últimas edições tem sido profícua e desbloqueado muitas destas situações.
“Existe um clima saudável, uma co-relação estreita, as coisas têm funcionado e a prova disso é o facto de já termos realizado 14 edições do Porto.Extreme XL Lagares praticamente com a mesma equipa e com os sucessos que são conhecidos”, manifestou, recordando que todos os voluntários têm as tarefas bem definidas, sendo que estas se dividem em três grandes áreas: a logística, o controlo desportivo e a segurança do público e dos pilotos.
Apesar da logística pesada que este evento envolve, Paulo Moreira garantiu que a equipa é fácil de motivar e cada edição é sempre diferente das anteriores.
“Nunca houve uma prova, num campeonato do mundo que tivesse tantos campeões como temos em Lagares”
“Tento fazer competições sempre diferentes. Há lugares que é quase obrigatório passar lá, mas depois tentamos inovar inverter sentidos para conferir mais espectacularidade ao evento”, sublinhou.
Falando do número de pilotos prova, Paulo Moreira avançou que a competição vai contar com 263 pilotos, mais do que nas edições anteriores, devido à realização da primeira prova pontuável para o campeonato do mundo.
“As inscrições são limitadas, mas tivemos de alargar e o número está fixado nos 263 por causa dos pilotos que vão fazer o campeonato do mundo WESS (World Enduro Super Series)”. Temos pilotos de 21 nacionalidades. São 80 portugueses e os restantes são estrangeiros”, sustentou, acrescentando que a corrida de Lagares está nas três melhores do mundo e pela primeira vez vai contar com os melhores do mundo.
“Nunca houve uma prova, num campeonato do mundo que tivesse tantos campeões como temos em Lagares”, declarou.
Referindo ao número de espectadores, Paulo Moreira destacou que a prova de enduro cross que se realiza já amanhã deverá ter cerca de 10 mil pessoas e a corrida principal, que tem uma extensão de cerca de 30 quilómetros, o número de presenças deverá ser superior ao do ano transacto.
Questionado sobre o que motiva a que tantos aficionados das duas rodas se desloquem a Lagares, o responsável pela Porto.Extreme XL Lagares esclareceu que além do enquadramento da aldeia rural preservada de Quintandona, o local dispõe de condições únicas para a realização deste tipo de eventos, sendo apreciado quer pelos pilotos quer pelo público.
“A pista foi feita para ser mais longa que o habitual. Numa pista habitual os obstáculos são mais concentrados, num espaço menor para ser mais intenso”
Sobre a pista, Paulo Moreira referiu que esta tem 960 metros, foi desenhada a pensar na espectacularidade do evento, tendo a organização introduzido algumas alterações com o objectivo de tornar as classificativas mais atraentes quer para os pilotos quer para o público.
“A pista foi desenhada por mim com o objectivo de ser divertida para os pilotos quer os profissionais quer os amadores. A pista foi feita para ser mais longa que o habitual. Numa pista habitual os obstáculos são mais concentrados, num espaço menor para ser mais intenso. Alargamos a pista para a classe dos amadores desfrutar alguma coisa. Há um espaçamento maior e isso vai fazer, também, com que os profissionais dêem mais espectáculo, pois vão andar mais rápido, conseguir dar saltos mais compridos porque a pista é mais larga que o normal”, atestou, adiantando que no local da pista foram montadas bancadas com capacidade para 1.500 pessoas, a seis euros o bilhete.
Paulo Moreira realçou, também, que a corrida além de promover o concelho a nível nacional e internacional tem um impacto económico-financeiro significativo, cujo valor ronda os cinco milhões de euros.
“Estamos a falar na receita total. Ganha o comércio local, a gastronomia e a hotelaria. As classificativas funcionam como um instrumento de desenvolvimento do concelho e é um evento que trouxe um retorno financeiro significativo quer para Penafiel para que o Porto que recebe o prólogo”, concretizou.
“Faço isto de forma gratuita. Se fosse para ganhar dinheiro, não tinha metido férias para estar aqui”
“Compete-me a parte da instalação eléctrica, mas antes desempenhava outras tarefas, fazia um pouco de tudo”, anuiu, ressalvando que é um aficionado do desporto motorizado, gosta de andar de mota e dá o seu contributo de uma forma desinteressada.
Ao Verdadeiro Olhar, Joel Ferreira revelou que chegou a praticar a modalidade, mas um acidente quando estava a trabalhar precisamente na organização do evento impediu-o de continuar. “Fracturei um pé. Terei sido a pior vítima de sempre deste evento. O acidente aconteceu em 2014. Estava a trabalhar na organização da prova, não em Lagares, mas no Porto, na Ribeira. Um piloto entrou em despiste bateu-me e fez com que caísse de uma altura razoável”, esclareceu.
Apesar destes contratempos, Joel Ferreira manifestou que nunca perdeu a paixão pelas motos, a vontade de ajudar e contribuir para promover um evento que dá nome e visibilidade ao concelho.
“A aldeia de Quintandona transforma-se por completo e ganha uma nova vitalidade”
“É uma tarefa árdua, no início tínhamos mais terreno para limpar, mas como todos os anos procedemos à sua limpeza a tarefa tornou-se mais fácil. Praticamente é só fazer a manutenção”, reconheceu, concordando que o Porto.Extreme XL Lagares e as duas classificativas que vão decorrer sexta e domingo são uma referência para os amantes da modalidade.
“A aldeia de Quintandona transforma-se por completo e ganha uma nova vitalidade”, admitiu.
“Para organizar este tipo de eventos convém ter pessoas com experiência que saiba o que está a fazer, ligar com os pilotos, o público, gerir situações adversas que possam surgir”
“Há uns anos a esta parte deixei as corridas e dediquei-me a dar o meu contributo na organização destes eventos”, evidenciou, sustentando que a experiência acumulada que tem neste tipo de competições são sempre uma mais-valia e ajudem a torná-las mais atractivas.
“Para organizar este tipo de eventos convém ter pessoas com experiência que saiba o que está a fazer, ligar com os pilotos, o público, gerir situações adversas que possam surgir e mais depressa se arranjam soluções quando se tem esse conhecimento prévio”, ressalvou, sustentando que os colaboradores já que conhecem há bastantes anos, a equipa está devidamente entrosada e que tem autonomia suficiente para resolver determinados problemas que surgem sempre.
A prova de Enduro Cross realiza-se na sexta-feira, é direccionada às classes hobby, XL e veteranos, expert e profissionais. Trata-se de uma especial cronometrada em que andam 10 pilotos de cada vez em obstáculos artificiais.
No sábado, realiza-se o prólogo na escadaria da Ribeira, no Porto, e à noite Lagares recebe a Fun Race, uma corrida de convívio entre os pilotos profissionais e os amadores com mini-motos. No domingo, realiza-se a corrida principal.