A internet veio revolucionar a forma como nos relacionamos com o mundo, mas esconde também muitos perigos. É que tudo o que fazemos na internet deixa marcas, “pegadas digitais” que perduram para sempre. Por isso, “pensar antes de publicar”, quer se trate de um texto, uma foto ou um vídeo deve ser uma regra a nunca esquecer.
Estes e outros conselhos foram deixados, esta terça-feira, dia em que se assinala o Dia por uma internet mais segura, por Tito de Morais, professor e fundador do Projecto MiudosSegurosNa.Net, numa sessão com centenas de alunos que decorreu no Auditório da Escola Secundária de Lousada.
Nos dias 9 e 10 vão decorrer mais quatro sessões destinadas a alunos, pelas 10h15 e 15h20. Na sexta-feira, haverá ainda, pelas 21h15, uma sessão aberta à comunidade educativa, sobretudo para pais.
Ao todo, cerca de 1.600 alunos do 7.º ao 12.º ano vão participar na iniciativa, organizada pela Associação de Pais da Escola Secundária de Lousada, com o apoio da direcção da escola.
O que se publica na internet “é para sempre” e pode ser visto por pessoas que não queremos
Basta abrir um site, no computador, ou aceder a uma aplicação num smartphone para que várias empresas fiquem a saber muito sobre nós. “As pessoas não têm noção da informação que damos a empresas como a Apple, o Facebook, a Google e a Microsoft. Estas empresas sabem mais sobre nós do que nós próprios”, explica Tito de Morais, lembrando que, por exemplo, o Facebook, usa as nossas preferências para nos vender publicidade.
A nossa pegada digital é impossível de contornar, mas a forma como nos comportamos online vai determinar essa nossa “pegada” de forma positiva ou negativa, referiu o fundador do Projecto MiudosSegurosNa.Net, lembrando questões como a georreferenciação, que podem levar outras pessoas a conhecer os sítios que frequentamos.
A isto acresce a ideia de que tudo o que colocamos na internet “é para sempre”. “Às vezes nem precisa de estar na internet, basta estar no nosso smartphone que pode ser perdido ou roubado”, sustentou o professor, aludindo sobretudo a fotografias ou vídeos íntimos que podem acabar em mãos de terceiros ou espalhados pela internet. “Na internet as coisas fogem muitas vezes do nosso controlo. É preciso pensar duas vezes antes de publicar e pensar que aquilo que publicamos pode chegar a mais pessoas do que estamos à espera”, acrescentou, mostrando um vídeo que mostra como uma simples foto em biquíni à beira de uma piscina, tirada fora do contexto, pode acabar em sites com teor pornográfico.
Por estes dias, Tito de Morais vai estar por Lousada a dar estes e outros conselhos aos cerca de 1.600 alunos da escola secundária e aos pais, professores e à comunidade em geral.
“Este é um assunto que preocupa os pais”
O convite foi lançado pela Associação de Pais da Escola Secundária de Lousada. “Este é um assunto que preocupa os pais. A segurança na internet, e o facto de os miúdos não terem muitas vezes noção dos perigos a que estão expostos, faz com que nos na associação tenhamos sempre a preocupação de trazer à escola pessoas que contribuam para que eles melhorem o seu comportamento”, explica o presidente da associação, Manuel Mendes. Por outro lado, a aposta passa por chamar os pais a aprender mais sobre o tema. “Os pais muitas vezes não têm tempo para dar atenção aos filhos, que passam imenso tempo agarrados às redes sociais, aso computadores e telemóveis”, assume.
Na escola, diz Manuel Mendes, têm existido algumas situações “não muito graves” com questões ligadas à internet. “Sobretudo de miúdos que vão enviando fotos para colegas ou para supostos perfis de namorados e namoradas e que acabam por chegar a mais pessoas”, conta o presidente da Associação de Pais. Por isso, é preciso continuar a alertar.
Ricardo Pacheco e Ricardo Moura, de 18 anos são exemplo disso. Ambos conheciam já a maioria dos perigos descritos e afirmam que pensam antes de publicar qualquer informação online.
“Pensem que ninguém está isento. Os riscos existem e podem transformar-se em danos”, aconselha Tito de Morais
Pontualmente, Tito de Morais é contactado por jovens que têm problemas que já não sabem como resolver. “As principais situações estão ligadas aos conteúdos de carácter íntimo que fogem do controlo e também aliciamento sexual de menores através da internet. Essas são também as principais preocupações dos pais, a par do uso excessivo e dependência demonstrada por alguns jovens em relação à internet e aos jogos online”, explica.
“Pensem que ninguém está isento. Os riscos existem e podem transformar-se em danos. E se algo correr mal, devemos pedir ajuda. Isso pode evitar que as situações se agravem para pior”, aconselha o docente, alertando ainda para a importância de uma relação de diálogo e confiança entre pais e filhos.
O Projecto MiudosSegurosNa.Net, lançado em 2003, é uma iniciativa familiar que ajuda famílias, escolas e comunidades a promover a utilização ética, responsável e segura das tecnologias de informação e comunicação por crianças e jovens.