Uma frase, uma foto, a capa de um livro, uma montra decorada, uma encenação de teatro… Por estes dias, respira-se Alice Vieira a cada esquina e recanto de Penafiel. Até domingo, a vida e obra da escritora contaminam a cidade e, o difícil, é mesmo não “tropeçar” no festival literário Escritaria.
Esta tarde, a autora portuguesa de livros infantis e juvenis descerrou a frase e a silhueta que eternizam a sua passagem por Penafiel, e mostrou-se satisfeita e surpreendida pela recepção que teve e pela afectividade das pessoas.
“Esta edição do Escritaria já bateu recordes em termos de envolvimento dos agrupamentos de escolas”, garantiu, por seu lado, o presidente da Câmara Municipal de Penafiel. Antonino de Sousa afirmou que este evento, de dimensão nacional, prestigia o concelho.
Alice Vieira: “Esta é uma homenagem diferente”
Foi acompanhada por dezenas de alunos de Penafiel, e pelo actor Vítor Norte e pelo escritor Mário Zambujal, que Alice Vieira percorreu, esta tarde, a cidade. A cada passo uma paragem. Ora para apreciar um dos painéis que retratam a sua vida a obra, ora para tirar uma fotografia a uma montra com os seus livros, ora para tirar uma fotografia com alguns dos muitos fãs com que se cruzou pelas ruas. A escritora não negou sorrisos nem palavras.
Foi de forma alegre que viu descerrados os dois ícones que ficam na cidade, marcando a sua passagem pelo Escritaria: a frase “Há cheiros da infância que não morrem nunca, nem sequer envelhecem como a nossa pele”, na Rua Conde de Ferreira; e a escultura com a sua silhueta, feita por uma artista local, junto ao Centro Escolar de Penafiel.
Ontem e hoje visitou várias escolas e foi engolida pelos maiores consumidores das suas obras. “Quando me convidaram liguei para a minha amiga Lídia Jorge a perguntar como é que isto era. Isto é muito mais do que eu supunha. Tive esta avalanche de escolas, o que torna as coisas um bocadinho diferentes. Não estava à espera que fosse assim com a participação de tanta gente”, confessou a autora, dizendo-se surpreendida pela recepção que teve em Penafiel, cidade que já conhecia.
“Já tropecei em mim várias vezes. Adorei uma loja que está cheia de soutiens e com os meus livros. Todas as lojas são boas para fazer publicidade à literatura”, defendeu entre sorrisos. Alice Vieira considerou ainda esta “uma homenagem diferente”: “acho que não há sítio nenhum em que façam as coisas assim”.
“A cidade vive o festival com muita alegria, participação, vaidade, orgulho, porque o evento atingiu uma dimensão nacional e prestigia o concelho”
A afectividade das pessoas e sobretudo o acolhimento que teve nas escolas e os trabalhos que as crianças fizeram nas escolas foram o que mais a marcou até agora. “As crianças gostam da minha obra e isso é muito bom”, disse Alice Vieira, acrescentando que as crianças ainda lêem, pode é já não ser em livro, mas será noutros suportes.
“A Alice Vieira desperta carinho e afectividade por onde passa. Esta edição do Escritaria já bateu recordes em termos de envolvimento dos agrupamentos de escolas”, sustentou o presidente da Câmara Municipal de Penafiel. “Assim que souberam o nome da escritora homenageada as escolas quiseram fazer parte do evento com inúmeros trabalhos expostos por toda a cidade e marcando presença constante nas várias actividades”, afirmou Antonino de Sousa.
Uma das novidades deste ano é que os alunos do quarto ano do Centro Escolar de Penafiel decidiram escrever um conto para dedicar à escritora. O livro “Bruxa precisa-se” será apresentado este sábado à noite, no Museu municipal. A outra é a Feira do Livro, que começou esta quinta-feira e decorre até domingo, só com livros dos autores que passaram pelas nove edições deste festival literário.
“O Escritaria é um evento consolidado na vida da cidade e no calendário dos eventos culturais na área da literatura. A cidade vive o festival com muita alegria, participação, vaidade, orgulho, porque o evento atingiu uma dimensão muito grande, nacional, e prestigia o concelho”, concluiu o autarca.
Até domingo, quem passar pelo Escritaria ainda pode assistir ao lançamento do novo livro de Alice Vieira (esta sexta-feira, pelas 21h30, no Museu Municipal); a espectáculos de teatro de rua, conferências sobre a vida e obra da autora e ao lançamento do livro feito por alunos do concelho (este sábado), ou ao lançamento do livro Escritaria 2015, “Mário Cláudio, Vida e Obra” (no domingo), entre outros.