O parque de estacionamento da Câmara Municipal de Penafiel junto ao Hospital Padre Américo passou a ser pago desde a semana passada.
Estacionar naquele espaço, recentemente beneficiado, custa agora um euro por dia, sendo que as verbas revertem a favor da construção do Centro de Dia da Associação para o Desenvolvimento da Freguesia (ADF) de Guilhufe e Urrô.
Tanto a Câmara Municipal como a instituição falam em benefícios para os utentes que têm agora mais segurança, limpeza e um melhor serviço.
Vitorino Oliveira, presidente da ADF de Guilhufe e Urrô, espera que as verbas angariadas ajudem a construir uma obra orçada em 800 mil euros e que faz falta numa freguesia onde cerca de 800 habitantes têm mais de 65 anos.
Havia vandalismo e tráfico de droga no parque, diz autarquia
A Câmara Municipal de Penafiel disponibilizou, algum tempo depois, um terreno contíguo ao hospital que passou a ser utilizado como estacionamento, procurando atenuar o problema dos carros estacionados nas ruas.
Recentemente, foi realizada uma beneficiação do piso do parque, até então em terra batida. Agora, o município optou por ceder a exploração do espaço à Associação para o Desenvolvimento da Freguesia de Guilhufe e Urrô, o que, segundo o presidente da Câmara Municipal de Penafiel é uma solução “útil e agradável”.
Questionado sobre a alteração efectuada, pelo Partido Socialista, durante a última Assembleia Municipal, Antonino de Sousa lembrou que aquele parque foi criado na sequência da concessão que o hospital fez no parque de estacionamento interno. “Foi um conselho de administração tutelado pelo PS que decidiu concessionar. E a maior curiosidade é que concessionaram o estacionamento num terreno pago pela câmara municipal com o dinheiro dos penafidelenses e dado ao Estado para aí fazer o hospital”, criticou o autarca.
Por isso, recordou, o município optou por criar um novo parque ao lado do hospital apoiando as pessoas que não tinham condições para pagar.
“Mas este estacionamento gratuito passou a ser ocupado com regularidade por delinquentes, para tráfico de droga, e havia vandalismo nas viaturas. Fomos fazendo interpelações à GNR para intensificar a fiscalização, mas nem sempre isso acontece e são muitas as queixas recebidas. Por isso, encontramos uma solução útil e agradável”, defendeu o presidente da Câmara.
O protocolo estabelecido com a ADF Guilhufe e Urrô permite “manter o parque a funcionar em condições de segurança, limpo, cuidado e disponibilizando um melhor serviço aos utentes. Além disso, é possível apoiar uma instituição social com uma moeda de um euro que, se não fosse para a instituição, iria provavelmente para um país produtor de droga. Foi uma boa solução”, sustentou o autarca.
Os eleitos no PS lembraram no entanto o precedente que isso pode abrir em relação a outras instituições do concelho que também precisam de ser apoiadas.
“Estamos a pedir um euro, mas estamos a ajudar as pessoas”, defende o presidente da ADF Guilhufe e Urrô
Vitorino Oliveira, presidente da instituição e presidente de Junta de Guilhufe e Urrô, acredita que a solução é benéfica para todos e diz que são poucas as reclamações ouvidas nestes primeiros dias de funcionamento do parque.
A instituição investiu 15 mil euros na vedação do espaço, marcações e montagem do sistema informático e dos equipamentos que regulam o parqueamento dos 150 lugares. Fica ainda responsável pela limpeza e manutenção do espaço.
“Este parque dá maior segurança. Antes havia assaltos nas viaturas, arrumadores e pessoas a tentar vender coisas”, recorda Vitorino Oliveira.
O parque passa a ter sempre alguém no local, entre as 7h30 e as 20h00, tendo a ADF Guilhufe e Urrô criado dois postos de trabalho, salienta.
“Estamos a pedir um euro, mas estamos a ajudar as pessoas. E o carro pode lá ficar o dia inteiro, em segurança. Se calhar quem ia sempre já dava um euro ao arrumador que lá estava”, argumenta o presidente da direcção.
“Espero que este parque seja uma fonte de rendimento para apoiar a associação, mas nem tudo é lucro”, frisa. “Se tirássemos daqui 1.500 a 2.000 euros por mês já ficava contente”, adianta ainda.
Investimento total ronda os 800 mil euros. Ainda faltam 500 mil
A construção do Centro de Dia já arrancou. Na primeira fase foram investidos cerca de 300 mil euros. Para acabar a obra são necessários mais 500 mil euros. A instituição gostava de terminar as obras até 2021. “Esta é a grande aposta da freguesia. Temos realizado almoços, jantares, festas… e vimos aqui a oportunidade de amealhar mais uns euros”, explica.
Vitorino Oliveira salienta ainda que este tipo de equipamentos só é possível com a ajuda de todos, até porque as candidaturas aos programas do Governo actualmente estão fechadas. “Temos que nos substituir ao Estado”, diz.
Na sua freguesia, a terceira maior do concelho desde que houve agregação, com cerca de 5.000 habitantes, são aproximadamente 800 as pessoas com 65 ou mais anos, o que torna o equipamento necessário.
Quando estiver concluído, o edifício vai acolher o Centro de Dia, com capacidade para 40 pessoas, ATL, actualmente com 25 crianças, e ainda permitir a criação de um serviço de apoio domiciliário.