“A gastronomia é cultura” e foi esta a premissa que levou a Associação de Desenvolvimento Local Projeto Mais Rans’, de Penafiel, a criar um produto de degustação único, que aspira tornar-se “uma referência”.
E porque era um objetivo criar uma marca e uma referência gastronómica local, foi formada uma equipa que, para além dos membros da coletividade, juntou os chefs Carlos Barbosa, do E-Tapas, e André Almeida, da Chocolândia, que começaram por pesquisar “referências gastronómicas e tradições locais”. Depois de um processo de estudo, concluíram, que, “embora existam vários alimentos e pratos tradicionais na região, nenhum deles era reconhecido como caraterístico da freguesia”, explica a associação.
Assim sendo, e juntando vários produtos de uma zona maioritariamente rural, chegou a hora de colocar as mãos na massa e reunir o pão, a carne de porco, o vinho e a fruta, como maçãs, laranjas ou dióspiros, produtos que fazem parte do cardápio da região e que são produzidos pelas gentes da terra.
E porque todo o processo criativo implica experiências e testes, este não foi exceção, mas eis que se chegou à iguaria pretendida: “um pão, com formato arredondado e recheado, com a letra H – A nossa Honra”, uma homenagem ao maior ex-libris da freguesia, a ‘Honra de Barbosa’, uma casa senhorial medieval, com uma torre, uma capela, um pelourinho e outras características que a tornam única na região, mas o tempo parece teimar em fazer esquecer.
Refira-se que este pão se apresenta nas versões salgada, recheado com bochechas de porco e chouriça estufadas em vinho tinto, ou doce, com maça e a noz. Uma união que depois de saboreada, tem a arte e o engenho de nos fazer sentir no palato “algo novo” que, de certeza, vai fazer parte do roteiro gastronómico nacional.
Porque o objetivo desta ‘obra de arte’ no prato, passa por dinamizar a freguesia de Rans, através da “promoção de várias atividades” ou eventos, numa união perfeita entre habitantes e espaços comerciais locais.
Deduzimos então que a restauração da freguesia é parceira desta criação, até porque a associação, assim como os chefs, fizeram questão de envolver todos neste processo criativo e degustativo.
E a prová-lo está ainda o facto de os ‘pais’ do pão de Rans, que tem o sabor de tradição e partilha, disponibilizarem as receitas e os modos de confeção, para que todos sejam “capazes de reproduzir e comercializar ‘A Honra’, de forma a que, no futuro, seja reconhecida como imagem de marca de Rans”.
Para Pedro Silva, o presidente da associação, este projeto não será mais do que “um legado para a freguesia”, porque este pão, de certeza, que se vai transformar num “marco e “, para além de “um símbolo e o orgulho de todos os ranenses”.
E chegou a hora de sentar à mesa e servir ‘A Honra’ e quem a provar vai perceber que tem um sabor que vem da terra de Rans, onde há costumes, raízes e partilha.