O ministro do Ambiente e Acção Climática inaugurou, hoje, em Valongo, a sede da Associação de Municípios Parque das Serras do Porto. A instituição ocupa as instalações do antigo Tribunal do Trabalho e Conservatória de Valongo, um edifício centenário e que estava em degradação, explicou o presidente da Câmara de Valongo, José Manuel Ribeiro, falando de um investimento de 700 mil euros apoiado por fundos comunitários.
“Este processo de criação do Parque das Serras do Porto é algo que seria impensável há quatro ou cinco anos. É um exemplo e muito foi feito desde então”, atestou o autarca. “Todos percebemos a importância deste projecto, não é todos os dias que nasce um parque com 6.000 hectares”, realçou. José Manuel Ribeiro acredita ainda que com o apoio dos três municípios – Gondomar, Paredes e Valongo – e deste e de outros governos será possível “convencer os proprietários a ir alterando o coberto”. “Daqui por 20 ou 30 anos podemos ter uma floresta completamente diferente”, defendeu, dizendo que o parque pode ainda crescer.
Durante a sessão, Alexandre Almeida, presidente da Câmara de Paredes, tomou posse como presidente desta associação de municípios. Os desafios para 2020 são muitos, explicou. “Será o ano da capacitação em termos de recursos humanos e continuará o incremento da sistematização do conhecimento científico que temos dos 6.000 hectares que nos propomos a valorizar”, afirmou o edil. O objectivo é continuar a envolver a população e a comunidade escolar e científica, apostando num trabalho em rede. Até porque a maioria dos terrenos são privados. Os três concelhos vão também continuar a fazer um planeamento e gestão integrada do Parque das Serras do Porto, continuando a articular a revisão do PDM para promover de forma gradual a expansão da floresta autóctone, referiu.
Mas uma das principais metas é a protecção do Parque contra incêndios florestais e depósito de lixo. “Será criada brigada de sapadores florestais cuja candidatura já foi apresentada. Outro eixo de acção prioritário é a valorização do território, com a implementação no terreno de um conjunto de trilhos pedestres, devidamente sinalizados”, com 60 quilómetros, adiantou.
Para o ministro “a existência do Parque das Serras do Porto é de relevância para a afirmação da Área Metropolitana do Porto”. Lembrando que a capacidade de sequestro de carbono no país é quase exclusivamente florestal, João Pedro Matos Fernandes defendeu a importância de “casar a gestão da floresta e a conservação da natureza com o ordenamento do território”.
“É importante que estas três autarquias se tenham comprometido para gerir em conjunto um território onde existe elevado capital natural, que tem uma componente arqueológica de extraordinária relevância e um território que precisa de ter uma transformação daquilo que é a gestão florestal”, frisou. “Mais de 90% da propriedade é privada. É preciso ser capaz de os seduzir para que percebam que a floresta e os territórios de que são proprietários tem um valor público que é o de servir de sequestro de carbono”, acrescentou o governante.
Matos Fernandes disse que para o país ser neutro de carbono em 2015 é preciso diminuir a área ardida em Portugal para metade. “Temos 10 anos. E para o fazer temos de ser capazes de intervir em 20% da nossa paisagem natural”, afirmou.
O Parque das Serras do Porto, garantiu ainda, é um “projecto importante para estes três concelhos, um projecto importante para a AMP, um projecto importante para o país porque estamos a valorizar o capital natural e a transformar a paisagem, para que seja um activo mais valioso e que cumpra o papel supremo que é contribuir para que este território seja um espaço relevante de sequestro de carbono de que o país precisa”.
Recorde-se que o Parque das Serras do Porto é um projecto inovador e ambicioso que está a ser desenhado desde 2014 pela mão dos municípios de Valongo, Paredes e Gondomar, que partilham um território com cerca de 6.000 hectares que inclui as Serras de Santa Justa, Pias, Castiçal, Flores, Santa Iria e Banjas.