“Hoje foi mais uma manifestação cabal de que querem a toda a força fechar o Calvário sem ter em conta o sofrimento dos doentes. O objectivo parece ser encerrar por encerrar. Parece que há outros interesses. Mas vamos fazer tudo para evitar o encerramento”. A afirmação é do padre Júlio Pereira, director da Casa do Gaiato, depois de uma nova visita da Segurança Social ao Calvário e à Casa do Gaiato, em Beire, Paredes, que resultou na retirada de mais seis rapazes.
“Houve uma acusação anónima de maus-tratos e compareceram cá elementos do Ministério Público com a GNR para verificarem toda a casa e procurar indícios. Tanto quanto sei concluíram que não há nada”, explica o pároco. “Veio ainda um grupo de técnicas da Segurança Social com intenção de retirar os restantes doentes, mas continuava a não haver qualquer documento e não aceitei essa intenção”, sustenta Júlio Pereira.
Segundo o responsável pela Casa do Gaiato “não foi retirado nenhum doente do Calvário”. “Perguntaram aos que tinham capacidade para responder e todos disseram que não. Seis rapazes (adultos) com limitações cognitivas que estavam na Casa do Gaiato de Beire quiseram ir, mas nem perceberam bem o que estavam a decidir. Outros oito quiseram ficar”, acrescentou o sacerdote.
Júlio Pereira diz que a instituição está a iniciar um processo de diálogo com a Segurança Social, juntamente com a Diocese do Porto, para que digam o que está mal e o que é preciso corrigir. “Sabemos que há coisas que precisam de ser melhoradas, mas não vamos fazer arranjos sem nos dizerem o que querem”, sustenta.
No Calvário mantém-se quatro mulheres e quatro homens e na Casa do Gaiato de Beire oito rapazes.
A Segurança Social afirmou hoje, em comunicado, que a Casa de Beira é “um equipamento social ilegal, porque não é licenciado” e que tem condições “precárias”.