A manhã desta quarta-feira foi de festa para a Caixa de Crédito Agrícola Mútuo, em Paredes e em Paços de Ferreira. Celebra 30 anos de existência nessa região, contando com sete balcões (três em Paços de Ferreira e quatro em Paredes).
Em Paços de Ferreira, à porta da sede, a imagem dos “30 anos” a dourado indiciava já motivo de celebrações. O espaço ia ficando pequeno para as várias personalidades do concelho, da política ao desporto, que iam chegando aos poucos para congratular os responsáveis por esta entidade.
Humberto Brito, presidente da Câmara Municipal de Paços de Ferreira, quis ressalvar que “nem sempre” a autarquia “esteve do lado dos bancos”, mas que “esta Caixa é uma referência e que isso fica demonstrado na busca de soluções perante aquelas que são as necessidades das empresas e das famílias, sendo esta uma daquelas instituições que olha para as pessoas”.
“A Câmara quis associar-se a esta iniciativa, marcar esta data e dizer que contamos não com mais trinta, mas com muitos mais anos deste banco que também tem uma função social no concelho. E quero também agradecer que, às vezes, é uma palavra que custa sair dos políticos”, referiu.
As celebrações continuaram, mas já em Paredes, com a presença do executivo municipal e de outras personalidades do concelho, bem como de antigos trabalhadores deste banco, que fizeram uma visita às instalações.
Para quem entrava no banco, a expressão era de admiração e terminava num sorriso, perante o ambiente de comemoração e de tantas pessoas presentes.
Houve tempo para um brinde e foi aqui que se cantaram os “Parabéns” pelo 30.º aniversário do Crédito Agrícola, com direito a bolo.
Também com palavras de agradecimento, o presidente da Câmara Municipal de Paredes, Alexandre Almeida, referiu que “estiveram presentes na altura em que mais precisaram”, quando a autarquia teve de recorrer à banca.
Além disso, sublinhou a “presença que têm no concelho”. “Ao falarmos da Caixa, estão a elevar o nome de Paredes. Sabemos que, na banca, cada vez mais os serviços são desmaterializados, a necessidade de agências físicas cada vez é menor, por isso, fico contente por manterem os balcões cá. Contem com a colaboração total do município”, acrescentou.
António Pinheiro, presidente do Crédito Agrícola de Paredes, sublinhou que esta foi uma “festa doméstica com a prata da casa, voltada para os associados e para os clientes, porque são eles que nos dão a mais-valia e os resultados”. “Os nossos associados, clientes e também os nossos colaboradores é que permitiram alcançar isto”, explica, referindo que, apesar de serem uma “Caixa pequena”, são organizados e “muito importantes para a economia local”.
Afirma ainda que estão abertos aos projectos e apoiam empresas e famílias. “Somos nós que identificamos as pessoas, que as conhecemos, não as tratamos como números”.
O presidente desta que é a segunda Caixa mais nova do sistema conta que não tem faltado o reconhecimento por parte da Caixa Central. “Esta Caixa está representada nos órgãos sociais da Caixa Central, no Conselho Consultivo, que apesar de ter sido, entretanto, extinto, foi convidada para representar numa empresa do grupo CA Seguros”, descreveu.
“Continuamos a honrar o passado, a fazer o que tem de ser feito no presente e a preparar o futuro que é difícil”, continuou, ressalvando que o crescimento tem sido “estruturado” e feito “paulatinamente”, nunca fazendo “iô-iô”. Lembra que esta Caixa só deu prejuízo no primeiro ano de actividade, em cerca de 3500 contos (17.500 euros). Como funciona num sistema cooperativo, explica, as Caixas protegem-se umas às outras.
Consideram-se um banco “de referência”: “Chegamos aqui, continuamos a ser não um banco, mas o banco, somos o banco de Paredes, porque não existe mais nenhum banco aqui, existem balcões de bancos de Lisboa e do Porto”, referiu Vítor Ferreira Silva, administrador executivo do Crédito Agrícola de Paredes.
“As pessoas, de facto, têm aderido. Em termos de prestações, temos gerado muita confiança no concelho e em termos de crédito também já somos uma referência, porque conseguimos ter robustez, ter músculo para poder ir aos negócios e conforme vamos sendo solicitados”, destacou. “Protegemos os depósitos concedendo bom crédito, que temos a certeza que vamos ter o retorno, por isso, os depósitos estão garantidos”, explica, por sua vez, António Pinheiro.
O presidente do Crédito Agrícola preferiu nunca referir números durante as suas intervenções, sublinhando sempre o papel das pessoas que colaboraram e colaboram e que foram e são clientes, mas, na apresentação, podia ler-se que são mais de 200 milhões de euros em volumes de negócios e 118 milhões de euros de activo líquido.
Crédito Agrícola tem raízes centenárias
A história da Caixa de Crédito Agrícola já é centenária e teve origem nos créditos aos agricultores, como o próprio nome indica. Em 1778, a Misericórdia de Lisboa foi a primeira a conceder empréstimos aos agricultores no país, dando o exemplo a outras Misericórdias que lhe seguiram o passo. Por volta de 1866, foram publicadas as leis orientadas para a transformação das Confrarias e Misericórdias em instituições de crédito agrícola e industrial (Bancos Agrícolas ou Misericórdias-Bancos).
Do mesmo modo, os Celeiros Comuns, fundados por iniciativa particular ou por intervenção dos Reis, dos municípios ou das paróquias, constituíam, desde o século XVI, estabelecimentos de crédito destinados a socorrer os agricultores em anos de escassa produção.
No entanto, o “verdadeiro Crédito Agrícola” só surgiu depois da implantação da República, em 1911, e em 1919, ficaram definidas as actividades das Caixas de Crédito Agrícola Mútuo, segundo informa o site oficial deste banco.
Após algumas crises económicas e transformações políticas em Portugal, que tinham levado a que estas Caixas ficassem sob a alçada da Caixa Geral de Depósitos, foi publicado um Decreto-Lei que incluía um Regime Jurídico Específico para o Crédito Agrícola Mútuo – prevendo-se a criação de uma Caixa Central (em 1984), que pretendia regular a actividade creditícia das Caixas suas associadas e deixando-as independentes da Caixa Geral.
Em 1987, visando garantir a solvabilidade do sistema, foi instituído, o Fundo de Garantia do Crédito Agrícola Mútuo (FGCAM), no qual participam – ainda hoje – todas as Caixas Associadas.
Actualmente, o banco é liderado a nível nacional por Licínio Pina. A nível local, pode definir-se como uma “instituição com uma componente financeira de apoio à economia local e também fazendo actividade bancária, mas com alguma solidariedade”, explica Vítor Silva.