Depois de Paredes, foi o concelho de Paços de Ferreira quem agora oficializou, em Assembleia Municipal, a intenção de deixar a Comunidade Intermunicipal (CIM) do Tâmega e Sousa e integrar a Área Metropolitana do Porto (AMP).
“Futuramente, Paços de Ferreira pode vir a arrepender-se de sair da CIM do Tâmega e Sousa”, aponta Armando Mourisco, presidente da CIM, que garante que esta opção já era esperada pelos restantes 10 municípios que compõem a comunidade intermunicipal.
“Recebo a notícia sem surpresa. Paços de Ferreira já demonstrava pouca vontade de estar na CIM do Tâmega e Sousa e vontade de ir para a AMP. É uma opção legítima”, refere Mourisco, sem deixar de referir que Humberto Brito, presidente da Câmara de Paços de Ferreira, “sempre se recusou a participar nas decisões estratégicas para o território por não se rever” nele.
“Quando estamos numa equipa de 11 em que um não joga a equipa sai fragilizada porque os outros 10 têm de se esforçar mais. Se este jogador sair vamos seguir em frente e mais coesos”, acredita o autarca de Cinfães, lembrando que a decisão ainda tem de passar pelo Governo e por entidades europeias, mas a concretizar-se quem vai perder “não é o Tâmega e Sousa, mas Paços de Ferreira”.
Sobre as razões invocadas pelo autarca pacense, de que vai ter acesso a mais verbas para investimento, Armando Mourisco salienta que “Paços de Ferreira não é dos concelhos que mais executa fundos comunitários”, e que o acesso ao PEDU – Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano e a mais fundos comunitários não é, por isso, desculpa. Sobretudo quando, acredita o presidente da CIM do Tâmega e Sousa, o próximo quadro comunitário vai privilegiar estas “zonas cinzentas” para que se aproximem das zonas mais desenvolvidas. “Os fundos de coesão são para os territórios mais fragilizados e têm de ser aplicados em zonas que precisam, não podem ir toda a vida para a AMP, território mais desenvolvido, com mais vias estruturantes e com menos desemprego. Futuramente, Paços de Ferreira pode vir a arrepender-se de sair da CIM do Tâmega e Sousa”, defendeu ao Verdadeiro Olhar.
Nesta região, há heterogeneidade, mas também coesão, sustenta Armando Mourisco. Já na AMP há um conjunto pequeno de municípios “que decidem e os outros que se sujeitam”.
O actual líder da CIM do Tâmega e Sousa é peremptório ao afirmar que não existem outros municípios com vontade de sair. “Todos os outros municípios estão de pedra e cal na CIM do Tâmega e Sousa e todos sabem o que querem para este território. Mesmo com a saída de Paços de Ferreira, caso se concretize, continuamos a ser a maior CIM do país”, esclarece.
Município vai ter acesso a mais meios e estava descolado nesta CIM, defende autarca
Recorde-se que a Assembleia Municipal de Paços de Ferreira aprovou, no final de Dezembro, com os votos contra dos eleitos do PSD, a adesão do município à Área Metropolitana do Porto.
“Somos um concelho jovem que tem uma ligação natural ao Porto. Fazemos parte do Grande Porto, estamos ligados ao Porto, essa é a natureza do nosso concelho e entendo que o PSD queira ficar virado para trás sem querer projectar o futuro. Nós queremos claramente projectar o futuro, não queremos ficar agarrados ao passado e prefiro mil vezes jogar na Liga dos Campeões. Isto não é jogar na Liga Europa, isto é terceira divisão regional e por isso prefiro estar na AMP onde temos a possibilidade de resolver mais problemas e dar respostas àquilo que são os anseios da comunidade do que estarmos numa CIM que não tem nada a ver connosco”, afirmou Humberto Brito.
O processo de adesão de Paços de Ferreira à AMP tem de passar pelo Conselho de Ministros e por Bruxelas, sendo este apenas o primeiro passo, explicou ainda.
A integração de Paços de Ferreira na Área Metropolitana do Porto era uma promessa eleitoral de Humberto Brito.