A renovada e ampliada ETAR de Arreigada, em Paços de Ferreira, que vai permitir o fim da poluição no Rio Ferreira ficará pronta este mês. A garantia foi deixada pelo presidente da Câmara de Paços de Ferreira durante a Assembleia Municipal, decorrida esta segunda-feira, baseando-se na informação dos técnicos que acompanham a obra diariamente.
O assunto foi recorrente durante a sessão, quer por parte do público, quer pelos deputados presentes. “O que foi licenciado, claramente, causa muitos constrangimentos à população, mais do que seria expectável. Custa-me a aceitar que não houvesse nenhuma solução técnica para, pelo menos, nem que fosse a posteriori, mitigar estes efeitos”, aponta a deputada do PSD, Joana Araújo, questionando quais as medidas a serem tomadas imediatamente após a conclusão das obras.
“Doeu-me olhar para o que eu vi no rio, mas cheguei à conclusão (fiz uma investigação sobre o assunto) que tinha de ser feito aquilo”, sublinhou o deputado do PS, José Carlos Coelho, pedindo a Humberto Brito que, no final desta obra, pense na limpeza do rio a jusante do Rio Ferreira. “É preciso começar a pensar no futuro. Não temos que acusar, interessa é que agora temos que começar a trabalhar neste sentido”, rematou.
Humberto Brito referiu, no entanto, que o problema no Rio Ferreira “não é causado pela obra”. “Queremos que esta obra termine e que muito rapidamente resolva um problema que tinha décadas neste concelho. Quem tem obras, sabe que criam constrangimentos, não havia outra solução”, explica, dizendo que o município está disponível para se empenhar na recuperação do rio e que não está alheio aos constrangimentos causados.
O autarca lançou ainda um desafio ao PSD para que se juntem todos aqueles que gostam do Rio Ferreira com vista a limpá-lo. “Acho que é um bom exercício de cidadania e de responsabilidade. Eu declaro-me já disponível para isso”, concluiu.
Estas obras na ETAR de Arreigada foram iniciadas em Julho de 2018 e são da responsabilidade da Câmara Municipal de Paços de Ferreira. Têm como objectivo a implementação de uma tecnologia de nova geração, a ampliação das linhas de pré-tratamento e de tratamento biológico, bem como a linha de tratamento de lamas, além de ser duplicada a capacidade – uma vez que a ETAR estava a servir mais do dobro dos habitantes para os quais foi projectada, causando problemas ambientais.
A população da freguesia de Lordelo (Paredes) queixa-se que o rio se transformou “num esgoto a céu aberto” nos últimos meses. Há uma semana, no Dia Mundial dos Rios, foram mais de 100 os que se juntaram em Lordelo numa vigília para voltar a chamar a atenção para os maus cheiros e poluição provocados pelas obras em curso.
Em Julho, foi criada uma comissão de acompanhamento das obras na ETAR e com vista a monitorizar o estado do Rio Ferreira. É constituída pelos presidentes das Juntas de Freguesia de Lordelo e Frazão/Arreigada, técnicos dos municípios de Paredes e Paços de Ferreira e por um elemento da associação ambiental “Moinho”.