Para não deixar que as beatas de cigarro acabem no chão, a Câmara Municipal de Paços de Ferreira tem vindo a instalar equipamentos, designados por ecopontas, para já nos centros urbanos de Paços de Ferreira e Freamunde. Mas se o primeiro apenas questionava “já pensou deixar de fumar hoje?”, aliciando os fumadores a responder com a ponta de cigarro “sim” ou “não”, os últimos colocados nas ruas vão mais longe na tentativa de chamar a atenção dos populares para o problema.
“Quem é o melhor jogador do mundo: Ronaldo ou Messi?”, “Ainda acredita no Pai Natal?”, “Faz compras no comércio local?”, “É sócio do Paços de Ferreira?”, “Já provou capão à Freamunde?” ou “Quais são as melhores festas do mundo?” (nesta última a resposta não é de escolhe, é “Sebastianas” ou “Sebastianas”), são algumas das perguntas que os ecopontas ostentam. Quem já reparou, acredita que a estratégia pode resultar.
“Por acaso quando passei lá não estava a fumar, ou votava no Messi”
Ainda este fim-de-semana, jovens voluntários retiraram das ruas de Paços de Ferreira milhares de beatas. O problema, garante o presidente da Câmara, não é do concelho, é do país. “Os fumadores têm o mau hábito de atirar beatas para o chão. Esta é uma forma de ir reduzindo isso, dando alternativas às pessoas e sensibilizando-as. Também estamos a distribuir cinzeiros de bolso”, salienta Humberto Brito, lembrando que já está em vigor a legislação que vai permitir, no próximo ano, a aplicação de coimas a quem atirar pontas de cigarro para o chão. “O nosso concelho adiantou-se. Já colocamos 11 ecopontas em Paços de Ferreira e Freamunde, mas a medida é para alargar a outros pontos”, garante. Já Paulo Ferreira, vereador do Ambiente, refere que estas frases diferentes têm como meta chegar mais rapidamente às pessoas. “É uma mensagem mais chamativa. A ideia é ir mudando as mensagens de local para continuarem a chamar a atenção. Algumas das frases foram sugeridas por munícipes”, diz.
Paulo Pereira já ‘votou’ no Ronaldo. Lá fora, conta, há políticas bem mais rígidas para quem tem a mesma atitude. “Isto é útil. Eu vivi em Londres e lá já fui parado pelas autoridades porque me denunciaram quando ia a conduzir e deixei cair uma beata na estrada. Os polícias obrigaram-me a andar dois quilómetros a apanhar pontas de cigarro”, recorda. No bolso traz um dos cinzeiros portáteis distribuídos pela autarquia e defende que deviam existir mais ecopontas, pelo menos “de 10 em 10 metros”. “Estas frases engraçadas podem convencer as pessoas a meter as beatas aqui”, defende Paulo Pereira.
“Eu não votava em nenhum, mas como não fumo também não dá”, comenta Fernando Pacheco ao lado do ecopontas que pergunta quem é o melhor jogador do mundo. Não fuma, mas vê, até no passeio em frente ao prédio onde mora, o resultado da falta de civismo de outros moradores. “Isto pode funcionar para chamar a atenção e mudar comportamentos. É preciso ensinar as novas gerações e isso só se consegue com o exemplo”, diz o morador.