A Câmara de Paços de Ferreira vai criar uma Equipa Municipal Promotora de Sucesso Escolar com seis técnicos – psicólogos, assistentes sociais e terapeutas da fala – para continuar o trabalho iniciado no concelho pelo Plano Integrado e Inovador de Combate ao Insucesso Escolar do Tâmega e Sousa (PIICIE-TS) e os bons resultados alcançados. O investimento ascende a 200 mil euros anuais e o projecto vai chegar a 2200 alunos, de forma directa, e a um total de mais de 7300 de forma indirecta, adianta o vice-presidente da autarquia e vereador da Educação, Paulo Ferreira.
A meta passa por manter a intervenção iniciada e dar continuidade “a acções de comprovado sucesso, nomeadamente o acompanhamento social aos alunos e famílias, o rastreio das competências necessárias ao processo de aprendizagem junto de crianças da educação pré-escolar e a dinamização da actividade ‘Aprendiz por um dia’, onde os alunos do 9.º ano de escolaridade das escolas do concelho, tiveram a oportunidade de, por um dia, experimentar a profissão que gostariam de ter no futuro”.
“O principal objectivo deste projecto é a prevenção do insucesso e do abandono escolar, através da detecção e prevenção de situações de risco. Pretende-se prevenir e intervir junto dos alunos e famílias, reduzindo os riscos psico-sociais que contribuem para o sucesso educativo, prevenir o insucesso escolar, através da implementação de rastreios na educação pré-escolar para detecção precoce e intervenção nas competências necessárias ao processo de aprendizagem”, refere ainda Paulo Ferreira.
“Estas crianças foram mais bem preparadas para o 1.º ano de escolaridade, prevendo-se que o risco de insucesso escolar seja menor”
O PIICIE-TS, um projecto intermunicipal com financiamento público, foi executado nos 11 municípios da região do Tâmega e Sousa, sendo implementado em Paços de Ferreira entre 3 de Dezembro de 2018 e 2 de Dezembro de 2021.
Teve por base a intervenção de uma equipa multidisciplinar de 10 técnicos de áreas como a psicologia, terapia da fala, serviço social e ciências da educação “que exerceu funções nas escolas públicas do concelho, numa estreita relação com direcções das escolas, docentes, alunos e famílias”, lembra o vereador da Educação, tendo como fim “alcançar as metas definidas no Portugal 2020 quanto à redução das taxas de insucesso e abandono escolar”.
No final do projecto, a avaliação de impacto social, levada a cabo pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, concluiu que, por exemplo, 93.2% das crianças da educação pré-escolar com cinco anos de idade melhoraram as suas competências, após um ano lectivo de estimulação. “Isto significa que estas crianças foram mais bem preparadas para o 1.º ano de escolaridade, prevendo-se que o risco de insucesso escolar seja menor”, atesta o vice-presidente da Câmara de Paços de Ferreira, referindo ainda que os directores das escolas se manifestaram a favor da continuidade da iniciativa.
Indo aos números, Paulo Ferreira afirma que, de acordo com informação das escolas do concelho, a taxa de abandono escolar em Paços de Ferreira é de 0.16% no ensino básico e 1.65% no ensino secundário. Já na taxa de retenção, segundo dados da Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência, de 2019/2020, Paços de Ferreira regista 0.7% no 1.º ciclo, 0.6% no 2.º ciclo, 1.5% no 3.º ciclo e 7% no ensino secundário. “Quando estes valores são comparados com os do ano lectivo anterior, constatamos que todos descem, excepto o valor do 1.º ciclo”, salienta o autarca.
Porque o município quer intervir “cedo”, “para que as situações de abandono e desistência que se registam em ciclos seguintes, não venham a acontecer, optou por manter o projecto, já que a “intervenção na educação deve ser uma prioridade”.
“De forma directa ou indirecta a população alvo do projecto será o universo dos alunos : 7320 crianças e jovens”
A criação da Equipa Municipal Promotora de Sucesso Escolar, constituída por seis técnicos – dois psicólogos, dois assistentes sociais e dois terapeutas da fala (sendo que o segundo terapeuta da fala só inicia funções em Setembro de 2022) implica um investimento de 200 mil euros anuais, que será reforçado, se necessário.
“Prevê-se o envolvimento de directo de 2200 crianças e alunos, incluindo as crianças de cinco anos de idade que realizarão rastreios, os alunos do 9.º ano que participarão no ‘Aprendiz por um dia’ e sinalizações de crianças e alunos de todos os ciclos de ensino para intervenção social”, mas, frisa Paulo Ferreira, “tendo em conta que a intervenção será realizada em todas as escolas da rede pública e Escola Profissional, de forma directa ou indirecta a população alvo do projecto será o universo dos alunos : 7320 crianças e jovens”.
O vereador acredita que este apoio faz ainda mais sentido em contexto de pandemia. “Se pensarmos nas crianças que deveriam ter frequentado a educação pré-escolar nos últimos dois anos e não o fizeram (devido aos confinamentos e receios das famílias em colocar as suas crianças no infantário), percebemos que a escola não teve oportunidade de desenvolver o seu trabalho e as competências que deveriam ter sido desenvolvidas junto das crianças, não o foram. Este facto afecta directamente a aprendizagem na entrada no 1.º ciclo”, advoga.
Segundo o autarca, o trabalho realizado permitiu perceber, nos rastreios na Educação Pré-Escolar que foram efectuados no 1.º período do presente ano lectivo, que houve “aumento das necessidades de intervenção directa (intervenção necessária em situações onde a falta de competências é mais gravosa), aumentou significativamente: de 90 em 2019/2020 para 146 em 2021/2022”. “O apoio que a equipa forneceu em termos sociais no apoio a alunos e famílias em risco social identificadas pelas escolas, foi essencial em tempos de confinamento. Sabemos que muitos alunos fazem a sua única refeição completa na escola e esta intervenção permitiu que os alunos, mesmo em casa, tivessem as suas necessidades básicas asseguradas”, acrescenta ainda.