Um escultor de Paços de Ferreira fez uma estátua gigante para homenagear o Papa Francisco. A obra tem quatro metros de altura, cerca de 1,20 metros de largura e nove toneladas de peso. Mas não é só pelo tamanho que esta estátua se distingue. Saltam à vista os detalhes de realismo e pormenores numa escultura à qual José Carlos Coelho dedicou cerca de seis meses de trabalho.
O autor não esconde que gostaria de a ver exposta num local público, como o Santuário de Fátima, por onde o Papa passou recentemente.
Recorde-se que o escultor pacense já produziu, em 2015, uma estátua de idênticas dimensões que retrata o Papa João Paulo II.
“Tento sempre ir mais além e nunca estou satisfeito”
José Carlos Coelho é um homem de metas e desafios. Gosta de se desafiar constantemente a si próprio. Foi assim quando se propôs a fazer uma estátua de grandes dimensões de João Paulo II e repetiu-se agora, ao querer superar-se, realizando uma obra de quatro metros em granito amarelo de Mondim de Basto e mármore rosa de Vila Viçosa, desta vez para homenagear o Papa Francisco.
Mas o currículo do escultor pacense, com atelier em Freamunde, é extenso em estátuas de pequenas e grandes dimensões. Dá como exemplo uma imagem de Cristo, com quatro metros, colocada na Igreja de Sobreira, em Paredes. Dedica-se também, frequentemente, a fazer bustos.
Aos 50 anos, José Carlos Coelho diz que já perdeu a conta às peças que já fez. Mas algumas ficam na memória.
Foi o caso da de João Paulo II, objectivo a que se lançou por iniciativa própria, e que vendeu, um ano depois de estar concluída a um particular de Paredes de Coura. Mas não é a vertente económica que o motiva. Quer antes perpetuar o seu nome ligado a estas figuras e mostrar que consegue fazer. “Não é pela questão financeira porque não sei se a vou conseguir vender”, salienta. “Tento sempre ir mais além e nunca estou satisfeito”, confessa o escultor. Talvez por isso ainda na semana passada tivesse andado a limar algumas arestas da obra que já tinha considerado concluída.
Escolheu o Papa Francisco por ser “o Papa do povo”. “Quis esculpi-lo com um sorriso e transmitir a alegria dele de viver”, explica. Começou em Outubro de 2016 e foi intercalando a realização da estátua com outros trabalhos. No total, terá investido seis meses de trabalho nesta peça. Não se guiou por nenhuma fotografia, mas por várias para compor a obra. “Não gosto de fazer cópias, gosto de trabalhar com liberdade”, salienta.
“Uma peça nunca está perfeita, mas acho que ultrapassei as minhas expectativas”
Primeiro fez o corpo em granito. O segredo foi “escolher a pedra que já tinha lá dentro o Papa Francisco”. Tinha 12 toneladas e depois de esculpida ficou com nove. Seguiu-se o trabalho na cabeça e nas mãos com vários pormenores.
Não esconde que a peça envolve esforço físico, mas José Carlos Coelho diz que o mais difícil é mesmo saber quando parar “o desgaste da pedra”.
“Uma peça nunca está perfeita, mas acho que ultrapassei as minhas expectativas”, afirma o pacense, considerando este mais um desafio cumprido.
Sobre o futuro da estátua, não esconde que gostaria de a ver exposta num local público, como o Santuário de Fátima.
Que outras peças de grandes dimensões pretende fazer, questionámos. “Ando com a ideia de fazer um Pinto da Costa, é o único Papa que falta”, brinca o benfiquista.
Recorde-se que, depois de ter conhecimento da obra que retrata o Papa João Paulo II, o Papa Francisco ficou emocionado com a homenagem feita pelo artista de Paços de Ferreira e pediu ao assessor do Vaticano que escrevesse uma carta a agradecer a obra e a conceder a bênção apostólica a José Carlos Coelho. A estátua de João Paulo II tinha quatro metros e pesava oito toneladas.
José Carlos Coelho tem 50 anos. Começou por aprender a arte da talha e só se lançou na escultura já por volta dos 23 anos. Aprendeu sozinho a arte e, hoje, dedica-se a produzir figuras religiosas e arte contemporânea em pedra e madeira.