Os cinco dias em Valongo passaram a correr e deixaram, com certeza, vontade de regressar aos 45 jovens estudantes oriundos da Roménia, Noruega e da Finlândia que integraram o intercâmbio cultural “Saber dos Sons – um dia, uma logomarca”, promovido pela Câmara de Valongo. Encantados com as pessoas, a comida e com a cidade, os estudantes revelaram satisfação pela diversidade cultural com que contactaram.
No último dia foi o momento para passar para a percussão o absorvido nas visitas que deram a conhecer a história e a cultura de Valongo. E se à partida a equação logomarcas e um concerto com os sons extraídos das Serras e Rios, Regueifa e Biscoitos, Ardósia, Bugios e Mourisqueiros, Brinquedo Tradicional Português e Património Religioso, parece improvável, a verdade é que fez todo o sentido e o ritmo foi encontrado. De garrafas plásticas cortadas em riste, reco reco, adufe, tambores, quadrados de lousas e pandeiretas, os jovens conseguiram retratar, em percussão, os sons da natureza ouvidos na Serra de Santa Justa e nos fojos, mas também o martelar na ardósia, o som mecânico na construção dos brinquedos e até o crepitar das bolachas a saírem quentinhas dos fornos da Paupério. No final, improvável seria ficar indiferente a tudo o quanto ficaram a conhecer. Francisco Lima, percussionista de serviço, explicou que “faz todo o sentido que seja assim”, salientando que “o dia-a-dia está recheado de ritmo” onde se pode retirar sons e ter diferentes inspirações.
Durante a semana, o programa dinamizado pela divisão da Cultura, com o apoio da divisão do Ambiente, incluiu oficinas de confecção de biscoitos e de brinquedos tradicionais que depois poderão ser utilizados na criação da música, plantação de árvores e visitas às minas de ardósia, entre outras actividades. A Serra de Santa Justa, o Museu da Lousa, a Fábrica Paupério, a Fábrica de Brinquedos Pepe Jato, a Oficina de Brinquedos César, o Centro de Documentação da Bugiada e Mouriscada, a Igreja Matriz de Valongo e a Igreja de Santa Rita e Convento da Formiga foram alguns dos locais que fizeram parte do roteiro.
Leena, de 29 anos e Matti, de 20 anos, ambos da Finlândia, em conversa com o VERDADEIRO OLHAR, confessaram ter ficado muito satisfeitos com a “diversidade de cultura que nos deparámos nesta viagem”. “Têm uma cultura muito interessante, muito diferente da nossa”, disseram, salientando que “as pessoas são muito simpáticas, mais do que as nossas conterrâneas” e que de Valongo levam recordações muito positivas, seja da cultura, da arquitectura ou da comida. Matti e Leena adoraram as serras e a cidade que, apesar de pequena, é “muito bonita e rica em cultura e tradições”. Da língua portuguesa conseguiram aprender duas palavras: Obrigado e Porto! Na despedida ficou a certeza de querer voltar.