Começa hoje, e termina a 12 de maio, mais uma edição do Onomatopeia, o festival de literatura infantojuvenil de Valongo. São quatro dias, mais de 120 horas de programação e mais de 40 convidados, entre autores, ilustradores, músicos, artesãos, pedagogos e performers, integrando, pela primeira vez, um programa de formação acreditada para docentes. O evento vai acontecer nos palcos das biblioetcas de Ermesinde e Valongo, a Oficina de Regueifa e do Biscoito, pelas ruas da cidade e Largo do Centenário.
Esta será a sexta edição do Onomatopeia e a segunda edição do Prémio Ibérico de Literatura Infantojuvenil Álvaro Magalhães, cujo vencedor será revelado a 10 de maio.
A autarquia promete uma “programação diversificada, partilhada por todos e com todos”, a partir do tema da Liberdade, contextualizado pelos 50 anos do 25 de abril e pela obra de um dos grandes e incontornáveis nomes da literatura infantojuvenil que, em pleno Estado Novo, rompeu com os estereótipos da literatura infantil. O epicentro deste festival andará à volta der Matilde Rosa Araújo, para quem «a criança é, na sua essência, revolucionária», e que nas suas histórias sempre falou, sem pudores, de pobreza, tristeza, lágrimas, mas também de risos, felicidade, esperança e de sonhos, da morte e da vida, do amor e da amizade, da infância e da velhice.
Com os dois primeiros dias especialmente dedicados às escolas e o fim de semana a leitores de todas as idades, o Onomatopeia volta a ter como um dos seus pontos altos as batalhas de palavras que, mais uma vez, serão travadas por bravos autores que aceitaram este desafio de criar narrativas em direto e sem rede, numa generosa e única partilha de um processo criativo partilhado e que só os leitores presentes terão o privilégio de assistir, explica a autarquia.
Assim, as “Batalhas entre Autores” estão marcadas para sábado à noite, altura em que ficam frente a frente, Lúcia Vicente e Renato Filipe Cardoso, Adélia Carvalho e Rita Dias, Katia Casimiro e João Fernando André, Raquel Patriarca e António Mota, Valter Hugo Mãe e Marta Bernardes. A moderação estará a cargo de Tito Couto. Depois das batalhas a música de Dela Marny encerrará o penúltimo dia do festival.
E serão muitas e variadas as liberdades celebradas e incentivadas este ano pelo Onomatopeia, todas unidas por essa riqueza maior que é hoje o diálogo cultural estabelecido entre o profundo respeito pelas raízes de cada um e pelo lugar de encontro e união proporcionados pela universalidade dos valores e da língua partilhada.
Mas este ano, o festival pretende alcançar a internacionalização, através da presença especial de diversos convidados oriundos de países de língua portuguesa, como Brasil, Angola, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Brasil, numa celebração da lusofonia propositadamente coincidente com o 50.º aniversário do dia em que Portugal ganhou o direito à liberdade democrática e os povos da África lusófona ganharam o direito à liberdade enquanto nações.
A 10 de maio serão então conhecidos os autores distinguidos este ano pelo Prémio instituído pelo município de Valongo, no âmbito do Onomatopeia em homenagem a Álvaro Magalhães pelo seu contributo para a valorização e promoção da literatura infantojuvenil de qualidade.
Álvaro Magalhães, que integra o júri juntamente com Adélia Carvalho e Raquel Patriarca, marcará novamente presença no momento da revelação dos escritores que se sucedem a Afonso Cruz (1.º prémio) e Capicua (menção honrosa), distinguidos em 2023, ano da primeira edição deste prémio.
Outras das novidades deste ano é a integração de uma formação acreditada para professores no programa, formação essa que contará desde logo com a participação de José Pacheco, professor, designer educacional e autor, fundador da “Escola da Ponte” em Portugal e do “Projeto Âncora no Brasil” e que, juntamente com a Psicopedagoga Ludmila Duarte, e no âmbito do périplo “Abril da Educação”, apresentarão as Novas Construções Sociais de Aprendizagem em Portugal, no dia 8 de mailo às 18:00, na Biblioteca Municipal de Valongo, dando início ao Festival, em modo de pré-evento, e à primeira ação de formação acreditada do Onomatopeia.
“Leitura e Liberdade” com a escritora Raquel Patriarca e “História de Mão em Mão”, com a ilustradora Evelina Oliveira, são as ações de formação especificamente previstas para professores que se seguirão e que decorrerão no dia 10 de maio à tarde, também na Biblioteca Municipal de Valongo.
Por toda esta organização Valongo pretende “incentivar a formação de leitores críticos, seres pensantes que se tornam pessoas especiais, cidadãos mais responsáveis, solidários e envolvidos na comunidade”, explicou o autarca José Manuel Ribeiro, elencando que, desde há seis anos, o Onomatopeia “orgulha-se de continuar a juntar leitores crescidos a cada vez mais leitores a crescer”.