O investimento superior a 5,5 milhões de euros na remodelação e ampliação da ETAR de Campo, em Valongo, permitiu quase duplicar a capacidade de tratamento do equipamento. Antes eram servidos 51.317 habitantes dos concelhos de Valongo e Paredes e agora serão 98.278 habitantes a ficar com resposta.
As obras vão permitir menos maus-cheiros e melhorias na qualidade da água do Rio Ferreira. Esta ETAR e a de Arreigada (em Paços de Ferreira), quando a funcionar em pleno, vão dar “outra vida” àquele curso de água, defendeu o presidente da Câmara de Valongo, José Manuel Ribeiro. O autarca aproveitou para apelar à Agência Portuguesa do Ambiente que haja depois fundos para renaturalizar e recuperar as margens do rio, complementando o trabalho que tem sido feito pelas autarquias de criação de parques de lazer ribeirinhos.
“Temos de dar coerência ao investimento feito no Parque das Serras do Porto”
Esta ETAR serve as populações das freguesias de Valongo, Campo e Sobrado, em Valongo, e das freguesias da Gandra, Rebordosa, Lordelo, Duas Igrejas, Astromil e Vilela, em Paredes, “constituindo a principal unidade de tratamento de águas residuais na bacia do Rio Ferreira”, afirmou Alberto Carvalho Neto, CEO da Be Water, grupo a que pertence a Águas de Valongo, empresa concessionária da água e saneamento no concelho.
Lembrando que cedo o equipamento atingiu o “limite de capacidade”, graças ao aumento da taxa de saneamento, Alberto Carvalho Neto lembrou que avançaram com uma candidatura ao POSEUR para obter apoio na realização da obra que ultrapassou os 3,3 milhões de euros.
“A intervenção realizada na ETAR de Campo consistiu no aumento da capacidade hidráulica e de carga mássica da instalação, através da construção da terceira linha de tratamento da fase liquida e ajustamentos em alguns órgãos de tratamento, nomeadamente uma etapa adicional no processo de tratamento da fase sólida, que incluiu a construção de um digestor anaeróbio mesófilico com aproveitamento do biogás para aquecimento das lamas, traduzindo-se num aumento da capacidade de tratamento da ETAR de 51.317 habitantes para 98.278 habitantes”, descreveu o CEO.
“Gostaria de realçar que este projecto foi concretizado porque houve uma empresa que foi resiliente, que esteve disponível para financiar a comparticipação nacional para que o projecto visse a luz do dia. Hoje, as populações de Valongo e Paredes dispõe de um serviço público essencial que contribuiu para o seu bem-estar”, argumentou, adiantando que querem transformar Valongo no primeiro município com 100% do serviço disponível na água e no saneamento.
“Ainda bem que esta infra-estrutura já está concluída. É fundamental não só para Valongo como Paredes”, declarou o presidente da Câmara de Paredes, Alexandre Almeida. “A Câmara de Paredes disse presente quando teve de comparticipar esta obra, já que a parte que não foi financiada pelos fundos comunitários teve de ser financiada pelas Câmaras de Valongo e de Paredes para que não sejam repercutidos estes valores nos particulares”, lembrou o edil.
José Manuel Ribeiro lembrou que esta intervenção era aguardada há muitos anos. “Há muitos anos que havia aqui problemas com os maus-cheiros”, salientou o autarca, destacando a capacidade para tratar efluentes de quase 100 mil pessoas.
Esta, referiu, é a “última ETAR do Rio Ferreira antes de entrar no Parque das Serras do Porto” e estas intervenções, tanto em Campo como em Arreigada, Paços de Ferreira, quando estiverem a funcionar em pleno vão “permitir ao Rio Ferreira ter outra vida”. “Temos de dar coerência ao investimento feito no Parque das Serras do Porto. E a qualidade da água deste rio (Ferreira) ainda é má e é do conhecimento do Governo”, afirmou o presidente da Câmara de Valongo.
“Para sermos coerentes com estes investimentos”, disse, referindo-se também aos apoios já protocolados com a APA para recuperar o Rio Ferreira em Paredes e o Rio Leça em Valongo (e nos concelhos vizinhos), “temos de fazer outros investimentos”, defendeu José Manuel Ribeiro, lançando o apelo para que a aposta dos municípios em estruturas de lazer ribeirinhas seja complementada com fundos comunitários para recuperar margens.