Mais ao menos por esta altura do ano, mas em 2013, o Hospital Padre Américo, em Penafiel, começou a cobrar pagamento pelo estacionamento de veículos dos utentes e visitantes. Na altura, a proposta feita por Paulo Sérgio Barbosa, o ex-vogal do Conselho de Administração que é actualmente vereador na Câmara Municipal de Paços de Ferreira, mereceu contestação da esmagadora maioria dos autarcas dos concelhos servidos por aquele hospital, por não aceitarem que, além das taxas moderadoras, os utentes das Consultas Externas ou do Serviço de Urgência do Hospital Padre Américo tivessem de pagar pelo estacionamento dos automóveis que utilizassem na sua deslocação.
Luís Catarino, o então presidente do Conselho de Administração do hospital, justificou a medida como uma forma de os “utentes terem mais segurança” e que o valor a pagar era “simbólico”. Ora, esse tal “valor simbólico”, que pode chegar às dezenas de euros, ditou que os parques de estacionamento do hospital começassem a ficar vazios e os utentes-condutores optassem por estacionar os carros na berma da estrada e nas ruas próximas.
Para atenuar este problema, a Câmara Municipal de Penafiel disponibilizou um terreno contíguo ao hospital que passou a ser utilizado como espaço de estacionamento, apoiando as pessoas que não tinham condições económicas para pagar o custo exigido no hospital. Mas, há uns meses, aquele terreno foi alcatroado, colocaram-lhe uma rede e passou a ser de estacionamento pago. Lá se foi o parque gratuito.
A medida é o resultado de um protocolo entre a Câmara Municipal de Penafiel e a Associação para o Desenvolvimento da Freguesia de Guilhufe e Urrô que estabelece o pagamento de um euro por dia pelo estacionamento de veículos, valor que reverte para a construção do novo edifício do Centro de Dia daquela associação.
É certo que um euro por dia não é muito e que os fins a que se destina o dinheiro arrecadado até parecem nobres, mas a intenção de ajudar as pessoas mais carenciadas e, ao mesmo tempo, de contestar o pagamento do estacionamento no hospital foi por água abaixo. E os argumentos usados pela Câmara Municipal são os mesmos que em 2013 tinham sidos invocados pelos administradores do hospital para justificar a cobrança.
Na politica, há medidas que se tomam mais pelo simbolismo do que pelo resultado material. Ora, dois dias depois de publicarmos a notícia que dava conta desta mudança no estacionamento gratuito, 320 pessoas já a tinham partilhado nas redes sociais e havia mais de 29 mil pessoas a falar sobre o assunto nas mesmas redes. Parece-me que a medida simbólica funcionou de forma oposta ao que a Câmara Municipal pretendia.