Escrevemos, neste espaço, por várias vezes, a nossa oposição à construção do novo bairro da comunidade cigana no local onde está a ser construído. Fizemo-lo, não por aceitarmos a condição habitacional indigna em que vive aquela comunidade, mas entendíamos que existiam outras soluções, umas já estudadas e escolhidas e outras ainda por procurar que resolveriam melhor este problema.
Continuamos a pensar da mesma maneira. Contudo, a partir de certa altura, apesar do eco que encontramos na população da cidade, percebemos que a irredutibilidade da autarquia em ouvir outras opiniões, não iria ajudar a resolver o problema.
Como o interesse maior era e é o dar casa às pessoas que vivem naquela condição de miséria humana entendemos por bem que o melhor seria esperar para ver, na convicção de que a sensibilidade dos autarcas para a resolução deste problema lhes permitiria ver que a solução encontrada nunca interferiria só com essa comunidade com menos de duas centenas de pessoas, mas poderia, pode e vai afetar mais de 20.000 cidadãos, que é o conjunto dos cidadãos com os mesmos direitos e que dão vida à cidade de Paredes.
Há, na solução em curso e na nossa opinião, um conjunto de pressupostos que, ignorados como estão a ser, não resolverão convenientemente os problemas da comunidade ali instada e constituirão um lastro para um conjunto de novos problemas que, imediata e irremediavelmente, se espalharão por toda a cidade.
Para que se perceba a dimensão do problema torna-se obrigatório o conhecimento do documento que dá suporte à sua resolução na forma em que está a ser executada. Chama-se “Estratégia Local de Habitação” e plasma o conjunto de razões que justificam a reinstalação da comunidade cigana, ao abrigo também do programa do governo criado especificamente para construir habitação digna não só para a comunidade cigana, mas para todos os cidadãos em condição de indignidade habitacional no país inteiro.
Como o espaço de uma crónica não abrange a complexidade do problema, optaremos pela elaboração de um questionário, tão em moda e que, ao que nos querem convencer, é a resposta para escolhermos as melhores pessoas para o desempenho de certos cargos. Ora, se um questionário permite “filtrar” pessoas, mais facilmente explicará o crivo porque não passou, mas devia ter passado, a solução encontrada pela autarquia de Paredes.
Até à próxima crónica terão os leitores a possibilidades de pensar nas consequências para a cidade de Paredes, para o concelho todo e até para os concelhos vizinhos.
Com uma certeza. Para além de não resolver os problemas de ordem social a que urge colocar fim, nascerão como cogumelos, outras entropias que se transformarão em obstáculos intransponíveis ao desenvolvimento da cidade e do concelho de Paredes.
É caso para dizer: estava tudo a correr tão bem!