Verdadeiro Olhar

Nova marca do Douro, Tâmega e Sousa lembra que “Portugal começou a ser sonhado aqui”

“Portugal começou a ser sonhado aqui. Nas terras do Douro, do Tâmega e do Sousa”, ouve-se no vídeo que apresenta a nova marca criada para a região e baseada em nove séculos de história: “Douro, Tâmega e Sousa – Empreendedores desde antes de 1128”. Lembra-se ainda que foi no Tâmega e Sousa que “cresceu um principezinho chamado Afonso Henriques e se educou para sonhar um país”.

O mote é simples, “onde se inventa um país, inventa-se um futuro” e, por isso, estes 11 territórios com “uma alma comum” – Amarante, Baião, Castelo de Paiva, Celorico de Basto, Cinfães, Felgueiras, Lousada, Marco de Canaveses, Paços de Ferreira, Penafiel e Resende – querem crescer juntos sob uma marca “forte e distintiva” que explore a identidade e a união do território para o valorizar e projectar.

A nova marca foi apresentada, ontem, em Cinfães, numa cerimónia promovida pela Comunidade Intermunicipal (CIM) do Tâmega e Sousa que contou com a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, o presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, e autarcas destes municípios, entre outras entidades.  

Região com baixos rendimentos pede mais apoios europeus

O Tâmega e Sousa é um território bem localizado e com muitas potencialidades, mas também vulnerabilidades, começou por explanar o presidente da CIM e também autarca de Lousada, Pedro Machado.

Desde logo, há grandes diferenças entre o Vale do Sousa e o Baixo Tâmega e Douro e uma identidade regional “pouco coesa”.

Para procurar alterar isso, o objectivo passou por criar “marca forte e distintiva, assente nos nossos activos mais característicos, que identificasse e valorizasse a região junto de turistas, visitantes, investidores e da população”, referiu o edil, acrescentando valor ao território.

Até porque, lembrou, na última década, o Tâmega e Sousa perdeu aproximadamente 5,6 % da população (mais de 24 mil pessoas) e também tem de enfrentar o problema do envelhecimento. A par disso, é uma região com baixa remuneração média e poder de compra, tendo o pior índice do PIB per capita. Ainda assim, criticou, “em 2021, esta região tinha a intensidade de apoios europeus por habitante mais baixa da região Norte, pouco acima de 2000 euros por habitante”.  

Pedro Machado deixou, por isso, um apelo à ministra: “esta realidade tem de ser invertida” e isso passa pela inversão da tendência de distribuição de apoios. É “imperativo pensar políticas de coesão territorial” no âmbito dos apoios europeus de modo a “superar os desafios demográficos, desigualdades sociais e de alterações climáticas, bem como capitalizar oportunidades em torno da inovação, sociedade digital e economia verde”, apostando no conhecimento e inovação e implementação de centros de transferência de tecnologia e investigação.

O presidente da CIM pediu “uma atenção especial para a coesão territorial do Tâmega e Sousa” que permita “reforçar o desenvolvimento” da região “e atenuar as assimetrias de rendimento”.  

Marca mostra união e respeito pela diversidade, diz ministra

Ana Abrunhosa reconheceu que a região apresenta um território heterogéneo. “A marca de uma região, construída à sua imagem, destacando um património histórico comum é uma oportunidade para se darem a conhecer e se mostrarem unidos, de construir identidade, união e respeito pela diversidade”, sustentou a ministra. “Esta marca revela acima de tudo uma convergência de vontades”, salientou.

A governante considerou ainda legítimo que este território, que “enfrenta grandes desafios”, queira resposta para os seus projectos e para o necessário desenvolvimento económico.  

Deixou algumas notas quando aos próximos apoios europeus. “Grande parte dos apoios ao território vão passar pelas CIM, o que significa maior responsabilidade, maior co-decisão e aumentos significativos dos valores a contratualizar. Representa uma oportunidade única, mas uma responsabilidade muito grande nas escolhas que vão fazer”, alertou.

Em breve, serão assinados os acordos que definem as regras de aplicação dos fundos comunitários para o próximo quadro comunitário. Os municípios devem, portanto, definir as suas prioridades, algo que já vê a acontecer no Tâmega e Sousa.