Preparar o Natal é caminhar intensamente para o encontro com Cristo. O passo em que o Papa tem insistido mais é a Confissão sacramental; outra etapa é participar na Eucaristia em que, de uma forma imediata, recebemos o próprio Cristo.
Recordo que, nos anos 80, o CEO de uma marca muito conhecida de «blue jeans» veio a Lisboa em negócio. No meio da agenda apertada de reuniões, já sabia onde ia assistir à Missa cada dia, porque tinha encarregado a secretária de telefonar antecipadamente a informar-se dos horários de várias paróquias. Para um lisboeta da época aquilo era surpreendente. Em primeiro lugar, pela capacidade de ultrapassar obstáculos, porque aquele empresário não falava português e provavelmente a secretária teve dificuldade em se fazer entender e obter a informação. Depois, pelos recursos, porque naqueles anos as chamadas internacionais a partir de Portugal eram caríssimas, embora fosse barato telefonar de outros países. Recordo que alguns engenheiros da EDP, que souberam da lista, resolveram ampliar a ideia: assim nasceu uma listagem completa, para toda a cidade de Lisboa, que circulou por muitas mãos, em fotocópias. Anos mais tarde, com o aparecimento da internet, a lista ficou «online», cada vez mais exaustiva e actualizada, e, em época mais recente, o «site» do Patriarcado encarregou-se de disponibilizar a informação.
A caminho do encontro do Natal, pergunto-me como se comportaria, nas minhas circunstâncias, o CEO de uma multinacional de «blue jeans».
À falta de informação sobre a estrela do Natal, vale a pena navegar nas páginas pessoais de alguns astronautas, por exemplo https://twitter.com/astroillini, para ver fotografias de cometas deslumbrantes no céu estrelado, planetas vibrantes, a Terra muito ao longe e a Lua muito ao perto… Além das imagens, no meio dos «tweets», encontram-se testemunhos mais pessoais. Dennis Sadowski, reuniu no «Catholic News Service» de Abril deste ano declarações de bastantes astronautas. A beleza do céu é tão impressionante que é comum eles sentirem o impulso de se referir a Deus. Muitos rezam o terço dentro da «cúpula» da nave, uma sala forrada de janelas, por onde se vê o Universo a 360º. Outros vão ler a Bíblia para a cúpula. Está no «Youtube» a célebre mensagem dos astronautas da Apollo 8, na noite de Natal de 1968, que consistiu em lerem em voz alta a parte do Génesis que descreve a Criação.
A propósito do Natal, chamou-me a atenção o empenho de alguns astronautas para não perderem a Eucaristia. Por exemplo, em 2013, Mike Scott Hopkins, que se convertera uns anos antes, conseguiu autorização para levar a Eucaristia para o espaço, para poder comungar durante os longos meses da sua missão na ISS (International Space Station). Na cúpula, rodeado de estrelas, sentia-se verdadeiramente numa catedral. «Quando se contempla a Terra deste observatório único e se admira toda a beleza natural que existe, é difícil não se sentar ali e perceber que tem de haver um poder maior que fez isto». Pelos vistos, não é pouco comum os astronautas terem acesso à Comunhão durantes as missões espaciais.
Para todos, católicos, protestantes, muçulmanos, a experiência de viver a umas centenas ou milhares de quilómetros da Terra dá uma perspectiva muito forte do que é importante. «Acho que, por aqui, não há um único ateu», dizem os «tweets» de vários deles.
Uma das mordomias que a NASA oferece aos astronautas durante o voo é a possibilidade de terem uma vídeo-conferência com a personalidade que escolherem. Recentemente, o astronauta Mark Vande Hei pediu para conversar com o Papa Francisco. Vamos ver o que a NASA consegue. Pode ter sorte, porque a NASA já conseguiu que em 2011 o Papa Bento XVI falasse durante 20 minutos com a tripulação da ISS (a vídeo-conferência pode ver-se em www.youtube.com/watch?v=81jAmb_e1pg).