O presidente da Câmara de Paços de Ferreira, Humberto Brito, afirmou, à margem da conferência EntreLinhas – Festa do Ferroviário, realizada em Ermesinde, ter a convicção de que a Linha do Vale do Sousa estará no terreno até 2030.
“Não tenho dúvidas de que vamos ter a Linha do Vale do Sousa antes de 2030”, disse ao Verdadeiro Olhar. O autarca acredita que há “um consenso nacional” sobre esta matéria e que, a partir do momento em que os estudos estejam concluídos e validados haverá financiamento para a obra. “Não fará sentido adiar mais este investimento. Temos é de ter o projecto pronto e acredito que vão aparecer fontes de financiamento. Mas toda a região tem de continuar mobilizada para este objectivo”, defendeu.
Antes disso, concorda, estão a linha de alta velocidade Porto-Lisboa, “uma necessidade” do país, e a duplicação da capacidade em Contumil, que permitirá ter mais comboios, essencial para a Linha do Vale do Sousa.
“Antes havia dificuldades de fazer acreditar os cidadãos de que era possível. Agora poucos têm dúvidas”, argumentou o edil pacense. A questão está no quando, como já tinha dito em resposta durante a conferência. “A Linha do Vale do Sousa já está no Plano Nacional de Investimentos e o Frederico Francisco [Coordenador do Plano Ferroviário] disse-me que estará depois disso e vai ser mesmo executada. O povo português e o Vale do Sousa perguntam é quando”, questionou.
Humberto Brito criticou ainda o Plano de Recuperação e Resiliência por “falhar” na dimensão da ferrovia. “No caso da Linha do Vale do Sousa nem é um investimento por aí fora”, argumentou.
“Em obra, é mais provável que possa ocorrer antes de 2030 a ligação ao aeroporto [Francisco Sá Carneiro] do que a linha do Vale do Sousa” – Coordenador do Plano Ferroviário Nacional
Durante a conferência, Humberto Brito falou sobre “ a futura e exequível” Linha do Vale do Sousa, que abrange cinco municípios – Valongo, Paredes, Lousada, Paços de Ferreira e Valongo – com uma população de 400 mil pessoas e poderá servir cerca de 200 mil no espaço de cinco quilómetros. Ia permitir reforçar a competitividade das empresas – mais de 32 mil -, nomeadamente dos sectores do calçado, têxtil e mobiliário, numa zona onde não há alternativa ao transporte público individual e numa região – o Vale do Sousa – que é das mais desfavorecidas e pobres de Portugal e da Europa. “É preciso investimento para nos aproximarmos das regiões mais desenvolvidas”, atestou. A ferrovia é “extremamente necessária” para estas populações, que são muito jovens e estudam nas faculdades do Porto, alegou. A obra vai aumentar a mobilidade e segurança, melhorar a competitividade das empresas e da economia regional, aumentar a sustentabilidade do sistema de transportes e corrigir assimetrias, proporcionando a convergência com as regiões mais desenvolvidas, defendeu Humberto Brito na sua apresentação.
Actualmente, explicou, estão a ser elaborados os estudos, através dos protocolos elaborados com a Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa, Área Metropolitana do Porto, os cinco municípios e as Infra-Estruturas de Portugal, já sobre o traçado, ou seja, por onde a linha vai efectivamente passar. “A partir do momento em que isso seja assente, será possível incluir a linha no Plano Nacional Ferroviário, ou seja, os investimentos que vão ser construídos”, clarificou.
Antes, Frederico Francisco, Coordenador do Plano Nacional Ferroviário, tinha afirmado, em resposta a questões, que “em obra, é mais provável que possa ocorrer antes de 2030 a ligação ao aeroporto [Francisco Sá Carneiro] do que a linha do Vale do Sousa”, quer através da Linha de Leixões ou da alta velocidade. Esclareceu depois que, chegando-se a 2027, “início do próximo quadro comunitário”, o que já estiver em projecto terá prioridade para avançar.
“Ele a mim já me deu essa certeza”, garantiu Humberto Brito. O autarca acredita que as alterações climáticas e a preocupação europeia com o tema vão provocar alterações aos sucessivos quadros comunitários. “Não tenho dúvidas de que para aqueles que fizeram o trabalho de casa e tiverem os estudos prontos vai surgir a oportunidade financeira de avançar com os projectos”, sentenciou.
A “ponderação da pertinência de expansão e reforço da rede, nomeadamente, a construção de uma nova linha ferroviária no Vale do Sousa” também consta do Programa Operacional Regional Norte 2030, divulgado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), que está em consulta pública.