Na organização do evento há dois pormenores que se salientam. O primeiro tem que ver com a composição da mesa de honra do congresso, para a qual foram chamados os presidentes de câmara do distrito eleitos pelo PS. A representar Paredes estava Francisco Leal, o vereador eleito pelo PS, mas que, ainda há pouco tempo, era secretário da Assembleia Municipal de Paredes eleito pelo PSD e militante daquele partido com cotas em dia. Estranha-se que o PS de Paredes o tenha escolhido para se fazer representar quando entre os seus vereadores tem o socialista Paulo Silva.
O segundo pormenor, este mais caricato, foi quando, depois do anúncio dos resultados da votação da eleição dos órgãos federativos, a sessão de encerramento do congresso começou com uma intervenção de Domingos Barros, empresário independente, irmão de um dos vereadores do PS e conhecido por ter uma relação profissional com o agora presidente da Câmara Municipal. A situação foi embaraçosa ao ponto de o presidente do congresso ter tido dificuldade em apresentar o empresário de modo a justificar a sua intervenção.
Uma nota final para o discurso de encerramento do presidente do PS de Paredes, José Carlos Barbosa, que aproveitou o momento para lembrar ao Governo que a beneficiação da Linha do Douro deveria ser encarada como estratégica para combater as assimetrias regionais e para o desenvolvimento de toda a região. De facto, não adianta continuar a falar em alta velocidade e ligações internacionais quando os projectos da ferrovia convencional estão parados e em mau estado. Basta recordar que, há poucos dias, o jornal “Público” divulgou o relatório da Infra-Estruturas de Portugal que mostrava que 60 por cento das linhas de caminho-de-ferro estão em mau estado e que uma das duas piores do país é a Linha do Douro.
Numa altura em que o Governo volta a falar das ligações internacionais, é importante lembrar o acordo que celebrou com o Governo espanhol em que se comprometeu a reabrir a Linha do Douro entre Pocinho e Barca de Alva para permitir a ligação a Boadilla e, daí, a Madrid.