Foi há pouco mais de um ano que a Câmara Municipal de Valongo e a Cooperativa de Produtores Agrícolas anunciaram a iniciativa “Mercado” com o objectivo de escoar a produção de frutas e legumes do concelho, a um preço baixo. Um ano depois, o balanço é positivo, porque já “foram distribuídos cerca de 7500 cabazes”, que representam “48 toneladas” de produtos, especificou ao Verdadeiro Olhar o presidente do município.
O projecto, que integra o Plano Municipal de Saúde 201972025, tem uma plataforma on-line, criada pela autarquia, onde podem ser feitas as encomendas que ficam a cargo da cooperativa local. Alfena, Ermesinde e Valongo são os pontos de recolha de cabazes que, além dos produtos de base, podem ser ajustados às necessidades dos clientes.
Para além de escoar, de uma forma mais célere, o que é produzido no concelho, o “Mercado” pretende levar a população a ter hábitos de alimentação mais saudáveis.
José Manuel Ribeiro sustenta que é possível melhorar a dieta das valonguenses “melhorando o acesso” a produtos de qualidade, através de um “preço justo e suportável”, e promovendo a facilidade em fazer encomendas e recolher os cabazes de forma “segura e ajustável e ao ritmo da vida actual”.
O autarca sublinha ainda que uma estructura como a cooperativa veio trazer a este projecto “sustentabilidade ambiental e económica”. Por um lado, diminuindo a deslocação dos produtos e, deste modo, “estamos a reduzir a pegada ecológica daquilo que comemos” e, por outro, apoiando os produtores locais, porque promovemos a “reconversão do sector”.
De salientar que o “Mercado” é auto-suficiente e não conta com apoios financeiros por parte do município. Toda a gestão dos produtos e custos é feita pela Cooperativa Agrícola que, e segundo o edil, “tem conseguido assegurar os valores de 5 euros o ‘cabaz família’ e oito o ‘super família’”.
O Mercado tem como objectivo “levar a população a ter uma alimentação mais saudável”
Contas feitas, José Manuel Ribeiro revela que esta ideia se traduz num “sucesso”, mas as vendas são apenas “uma meta e não um objectivo”, porque o que esteve na origem desta iniciativa passa mesmo pela mudança de comportamentos, ou seja, levar as pessoas a terem “uma alimentação mais saudável e sustentável”, algo que “não se alcança em um ano”.
Para avaliar e monitorizar o “Mercado” as entidades promotoras contam com o Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) e, regularmente, são feitos inquéritos aos consumidores que permitem fazer ajustes.
Um ano depois, e com 300 encomendas em datas especiais como o Natal e S. João, e com cerca de 150 por semana, é possível concluir que “cerca de 40 por cento das pessoas (auscultadas através de inquéritos) “aumentaram o consumo de fruta e hortícolas” e “50 passaram a ingerir produtos que não compravam habitualmente”, destacou o autarca, considerando que estes números representam “o início da mudança”.
Este projecto é para continuar porque “estamos no bom caminho”
Por tudo isto, José Manuel Ribeiro anuncia que este trabalho é para continuar, porque “estamos no bom caminho”.
Recorde-se que, esta iniciativa começou em plena pandemia, com 22 produtores associados. Neste momento, são 25 e “a tendência será para aumentar”. O posto de distribuição em Valongo também teve que se replicar para Alfena e Ermesinde (junto ao Fórum), porque surgiu a necessidade de chegar mais longe.
O autarca destaca que o Atlético de Alfena é parceiro desta ideia, tendo o “Mercado” a funcionar às quartas-feiras, entre as 17h30 e as 19h00. Já a abertura em Ermesinde, às quintas-feiras, ao final da tarde, junto à estação e paragens de autocarros “intercepta as pessoas no regresso a casa”.
A terminar, José Manuel Ribeiro sublinha ainda que à volta desta ideia gravita a “sustentabilidade” que incentiva “a desplastificação”, através da promoção da “reutilização do saco das compras, evitando desperdício” e contribuindo para um planeta melhor.