Há doze anos atrás essa foi a condição formulada pela Câmara de Paredes para promover o desenvolvimento de Vandoma e que terá sido semelhante a “arranjem os terrenos que eu faço as obras”. Domingos Barros era o autarca mais popular entre os autarcas do concelho. A sua generosidade ainda não teve semelhante. Vandoma é uma pequena freguesia de gente humilde e carente mas onde se desenvolveram também empresas e empresários de sucesso. Rica é a terra em que os seus filhos prosperam mas não consta que outros contributos semelhantes tenham beneficiado a freguesia, nem em espécie, nem em obras.
Domingos Barros continua a ser uma pessoa digna, generosa e respeitada pelos paredenses mas como autarca perdeu o brilho porque teve a coragem de se opor ao poder instituído no concelho. Em nome da população de Vandoma opôs-se a que a sua escola de Bacelo fosse encerrada. Sentiu-se enganado quando não foi cumprida a promessa de que não seria encerrada enquanto tivesse um mínimo de 70 alunos e teve sempre mais. Cortou as amarras, revoltou-se, manifestou publicamente o seu desencanto e saiu.
Não deixou de olhar pela sua freguesia. Se o PSD lhe voltava as costas, procurou outra força que o apoiasse a manter a sua reivindicação.
Nas últimas eleições autárquicas foi eleito Presidente da Assembleia de Freguesia de Vandoma numa lista apoiada pelo Partido Socialista.
A sua resistência gerou adversários de peso na conjuntura que preside ao Município de Paredes e entre os seus antigos amigos e companheiros. Se há quem continue a apreciar a sua atitude e verticalidade há muitos outros que se acomodaram ao conforto de estar próximo do poder e já não o vêem com o mesmo respeito de então.
Na última presidência aberta da Câmara Municipal de Paredes, em Vandoma e em 12 de Novembro de 2016, Domingos Barros foi publicamente desrespeitado por manifesta ingratidão de quem detém o poder no município e de quem deveria estar grato pelos benefícios que recebeu e continua a receber. O presidente da Câmara Municipal de Paredes inaugurou o campo de futebol do complexo da Nora, em terrenos doados à junta de freguesia por Domingos Barros e não se dignou agradecer a sua generosidade. Aliás a própria Junta de freguesia, actual proprietária do terreno, também foi marginalizada. A placa comemorativa da inauguração do Complexo da Nora menciona apenas os nomes do Presidente da Câmara e do Presidente do Clube de Futebol de Vandoma. Ignora totalmente a proprietária e o doador dos terrenos e sem eles nada teria sido feito.
Nos discursos de ocasião, proferidos pelos representantes das entidades beneficiadas, a Câmara Municipal, o Clube de Futebol de Vandoma e a Paróquia, o seu nome foi ostensivamente ignorado. Apenas o presidente da junta, também magoado pela marginalização de que foi vitima, se atreveu a agradecer a “….este homem bom que a freguesia de Vandoma tem no coração e que muito fez por esta terra”. No almoço festivo o Presidente da Câmara de Paredes repetiu a grosseria de marginalizar e ostracizar o Presidente da Junta de Freguesia e o Presidente da Assembleia de Freguesia, não os sentando na mesa de honra como lhe era devido.
Este ato foi observado e partilhado pelos habitantes de Vandoma presentes. Muitos deles dizem-se amigos de Domingos Barros. Muitos deles devem-lhe favores. Mas ninguém se pronunciou em sua defesa. Ninguém manifestou a sua solidariedade. Será que a população de Vandoma tem memória? Será que já se esqueceram do que fez Domingos Barros pela sua freguesia? Será que sabem que foi por defender Vandoma contra a arrogância e a megalomania que ele perdeu as boas graças e o conforto do poder? Será que sabem que se não fossem as terras doadas por Domingos Barros, nada do que foi agora inaugurado (e tarde) teria acontecido? Onde está a memória do povo? Onde está a memória da gente poderosa de Vandoma? Onde estão os amigos de Domingos Barros? No mínimo todos lhe devem, povo, “amigos” e poderosos, uma manifestação de desagravo, de homenagem e agradecimento, porque todos ficaram muito mal na fotografia…