Estamos a falar de um tema que é tão casuístico, tão subjetivo, tão imensamente dependente de cada pessoa e da sua situação concreta de doença que vive que nem sequer me atrevo a ajuizar sobre ela… A única coisa que eu sei é que gostava de, um dia, se confrontado com tal realidade, ter a opção em cima da mesa.
Eu não concordo com o referendo. Eu penso que o referendo deverá ser utilizado na maior parte das situações e é pouco utilizado em Portugal. Mas neste caso, estamos a falar de uma situação extremamente hipotética e de carácter muito individual, pessoal, que se reconduz ao âmago de cada pessoa e tem muito pouco de comunidade, de Estado. Estamos a falar de doentes terminais, de vidas que estão por um fio, onde o sofrimento e o ver sofrer, é a mais hercúlea situação a viver antes de atravessar a porta. Quando a decisão é nossa já é difícil; quanto mais quando a decisão é dos outros… Se houvesse referendo, o meu voto era em branco.
No fundo, estamos perante uma matéria que será altamente regulada, com procedimentos específicos e altamente detalhados. Mas, com toda a pressa que temos vindo a assistir para aprovar a legislação, o mais certo é virmos a ser confrontados com uma legislação com lacunas (por exemplo, porque não colocar já as questões relativas aos seguros de vida?) e que mais dá ideia de medo do que de firme convencimento de ser a melhor solução para a nossa sociedade.
Vamos e vamos com calma… E quem quiser discutir comigo em plena via pública, pelo menos que tenha a decência de ter lido todos os Projetos de Lei. Deixem as cartilhas de lado…