E à terceira… não foi de vez. Leonel Vieira voltou a perder a eleição para a presidência da Câmara Municipal de Lousada. Nem o facto de ter a maioria das juntas de freguesia conseguiu impedir a reeleição do socialista Pedro Machado. A tarefa era difícil, para não dizer praticamente impossível, pois Pedro Machado vinha de um primeiro mandato quase sem erros.
A vitória do populismo puro. O PSD de Paços de Ferreira demorou mais de três anos a recuperar do choque provocado pela derrota de 2013. Nesse período de letargia política, Humberto Brito aproveitou para acusar os sociais-democratas de tudo, injuriando até à exaustão o seu antecessor, fazendo passar a imagem de um corrupto envolvido em dezenas de processos judiciais, sem que nada se tenha confirmado. Tudo isto com o PSD a assistir como se não fosse nada com ele. A acrescentar a tudo isto, Humberto Brito prosseguiu com o seu estilo truculento e populista, prometendo tudo a todos. O resultado só apanhou de surpresa quem olhou apenas para o período de campanha eleitoral e se esqueceu dos últimos quatro anos.
Uma morte anunciada. Quando, em 2013, o socialista Alexandre Almeida ficou a uma unha negra de vencer a presidência da Câmara Municipal de Paredes, era fácil perceber que o PSD teria vida difícil nestas eleições. O PS teve o mérito de manter o candidato e iniciar imediatamente uma campanha de quatro anos, aproveitando o demérito de o PSD ter demorado três anos a perceber que tinha as eleições praticamente perdidas. É certo que Rui Moutinho representava uma nova geração de autarcas, teve a coragem de afastar pessoas nocivas ao partido e ao concelho, mas a dinâmica de vitória socialista criada pelo resultado de 2013, associada a um executivo em total queda de popularidade, salpicado por algumas notícias nacionais menos abonatórias sobre gestão social-democrata, tornaram Rui Moutinho incapaz de travar a vontade de mudança. Tentar ver na derrota do PSD local qualquer ligação ao mau momento do PSD nacional é tentar tapar o sol com a peneira. Nas eleições de Paredes há um resultado que importa salientar: o de Raquel Moreira da Silva, a ex-vereadora do PSD que decidiu concorrer por conta própria, com um discurso sempre alinhado com o PS e acabou por ter um resultado humilhante: uma votação de cerca de metade do número de assinaturas que a lei a obrigou a entregar em Tribunal para avançar com a sua candidatura.
O fim dos “Tiriricas”. A vitória de Antonino de Sousa em Penafiel, um concelho tradicionalmente socialista, é a prova de que a política nacional não teve grande interferência nos resultados autárquicos da região. Antonino de Sousa era aquele que tinha a tarefa mais difícil: enfrentou a recandidatura do socialista André Ferreira, fortemente apoiado num honroso resultado de 2013; defrontou o ex-deputado e ex-vereador do PSD Mário Magalhães; e tinha que ultrapassar o fenómeno popular “Tino de Rans”, que, depois de uma votação histórica nas eleições para a Presidência da República, aparecia como elemento capaz de baralhar as contas. No final dos votos contados, a coligação de direita ficou a uns escassos 29 votos de tirar mais um vereador ao PS e eleger um 6.º vereador. Mário Magalhães precisou de quase 2.500 assinaturas proponentes da sua candidatura e não teve sequer 900 votos. Para “Tino de Rans”, as eleições autárquicas deverão representar o apagar dos holofotes mediáticos.
E tudo o voto levou. Não sobrou nada para o PSD de Valongo: perderam a Câmara Municipal com estrondo, ficaram reduzidos a três vereadores, perderam a Assembleia Municipal e não têm uma única junta de freguesia. Pior era impossível. Também os comunistas pagaram caro a factura de terem passado quatro anos aliados ao PSD, perdendo o único vereador que tinham. Depois de quatro anos a governar sem maioria, sem as competências delegadas e obrigado a patéticas reuniões semanais, o socialista José Manuel Ribeiro vai finalmente poder governar o concelho de Valongo.