Nos últimos dois meses, ouvimos várias notícias, das quais importa reter que a aceleração da economia portuguesa iniciada em 2016 e prevista para 2017 deverá colocar a taxa de desemprego a um nível inferior a 10% no final deste ano, superando as próprias previsões do Governo.
E se algumas vozes se levantam, defendendo que se trata apenas de “anulações administrativas” do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), importa analisar os números do Instituto Nacional de Estatística (INE), que esclarecem que a criação de emprego explica 91% da redução do desemprego: nos últimos três meses de 2016, a população empregada em Portugal aumentou em 82,1 mil pessoas, em comparação com o mesmo período de 2015. Já a redução da população desempregada foi de 90,7 mil pessoas. Feitas as contas, a criação líquida de emprego explicou 90,5% da redução do desemprego. Porém, nem sempre foi assim: em 2014, depois de um período crítico de debilidade económica, o aumento do emprego explicou pouco mais de metade (54,3%) da redução da população desempregada, ficando o resto a dever-se a desempregados que desapareceram das estatísticas do INE, ou porque emigraram, ou porque deixaram de procurar ativamente um posto de trabalho. Mas o mais grave é que muito do emprego criado nessa altura apenas resultava de programas de estágio e de apoio ao emprego, assumindo-se também como um peso no Orçamento de Estado. Desde então, a situação tem vindo a mudar gradualmente, ultrapassando-se as expectativas em fevereiro deste ano.
Também em Lousada a tendência do desemprego é de queda, prevendo-se assim um panorama favorável.
Fev. 2012 | Fev. 2013 | Fev. 2014 | Fev. 2015 | Fev. 2016 | Fev. 2017 | Variação 2016 – 2017 | Variação 2012 – 2017 |
3085 | 3729 | 3784 | 2972 | 2514 | 2001 | -513 | -1084 |
De acordo com as estatísticas mensais do IEFP, o número de desempregados está a diminuir, tendo-se verificado o valor mais baixo em fevereiro deste ano.
Nos últimos cinco anos, Lousada passou a ter menos 1084 pessoas inscritas como desempregadas, sendo que entre 2016 e 2017 a descida foi de 513 pessoas.
As mulheres representam 53,9% das pessoas desempregados e os homens 46,1%. De salientar ainda que 58% não possui o 9.º ano de escolaridade.
A questão que se coloca é: o que tem sido feito para contribuir para o aumento do emprego em Lousada?
São diversas as iniciativas, projetos e parcerias que para tal têm contribuído, sem pretender ser exaustiva nesta análise, embora deixando “de fora” inúmeros e válidos contributos:
– A criação da Zona de Acolhimento Empresarial de Lustosa, fundamental para a captação de investimento empresarial e para a modernização do tecido empresarial do Concelho, favorecendo o desenvolvimento local.
– A captação e instalação de novas empresas em Lousada, utilizando pavilhões das diversas zonas industriais do Concelho. A título de exemplo, podemos referir o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelo executivo da União de Freguesias de Cristelos, Boim e Ordem e pelo Município, que captaram há dois anos para o nosso Concelho uma empresa da indústria têxtil e que hoje emprega cerca de 200 pessoas, que na sua maioria se encontravam desempregadas. Mais recentemente, outra indústria têxtil instalou-se em Cristelos, criando cerca de 30 postos de trabalho.
– A “centralidade invejável” de Lousada em termos de redes viárias e o programa de incentivos do Município contribuirão certamente para captar o interesse dos empresários. Refiro-me à medida “Projetos de Interesse Municipal”, que prevê incentivos fiscais, de modo a promover o emprego e o investimento empresarial. Dependendo do número de postos de trabalho criados, os empresários poderão ver reduzido ou ficar isentos do pagamento do Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT) e do Imposto Municipal Sobre Imóveis (IMI) durante cinco anos. Para tal, a empresa deverá estar legalmente constituída e cumprir as condições legais necessárias ao exercício da sua atividade; encontrar-se com a situação tributária regularizada perante a administração fiscal, Segurança Social e o Município de Lousada; dispor de contabilidade organizada; comprometer-se a manter afeto à respetiva atividade o investimento a realizar, bem como a manter a localização geográfica, durante um período mínimo de dez anos, a contar da data da realização integral do investimento; ter um projeto de investimento que atinja um montante de investimento mínimo de 50000€; e implicar, no mínimo, a criação de 10 novos postos de trabalho. Esta iniciativa é, sem dúvida, um exemplo de boas práticas para estimular a economia e incentivar o crescimento económico, visto que desta forma auxilia o desenvolvimento empresarial e a criação de mais oportunidades de emprego em Lousada.
– O Gabinete de Apoio ao Investidor (GAI) do Município é também um projeto que tem como principal objetivo apoiar o desenvolvimento de atividades relacionadas com a criação do próprio emprego, bem como atrair novos investidores, visando a melhoria das condições de sucesso de novos projetos e empresas a criar no Concelho. Podem recorrer aos serviços do GAI todos os que se propõem abrir um novo estabelecimento ou, de algum modo, iniciar a sua atividade como empresários.
– Os Gabinetes de Inserção Profissional (GIP) auxiliam a população que se encontra desempregada na procura ativa de trabalho, disponibilizando as ofertas existentes, contactando diretamente com o tecido empresarial e promovendo ações de formação. Em Lousada estão a funcionar dois GIP. As entidades promotoras dos GIP são o Município e a Associação de Desenvolvimento e Apoio Social de Meinedo (ADASM), locais onde funcionam os dois GIP.
– A aposta na qualificação em setores relevantes para o Concelho, como aquela que foi feita com a instalação de um polo do Modatex – Centro de Formação Profissional da Indústria Têxtil, Vestuário, Confecção e Lanifícios, em Lousada. De facto, verificámos que a população que se encontra desempregada tem, na sua maioria, baixas qualificações escolares. Neste sentido, nem sempre é fácil e célere se reconverterem profissionalmente. Esta estratégia assumiu-se, assim, como uma forma de aproximar a formação de quem precisa dela e de dar resposta à procura das empresas por colaboradores qualificados. E os resultados estão já à vista, pois a quase totalidade dos formandos que frequentou a primeira ação de formação foi integrada nas empresas em que fez a formação em contexto de trabalho. Trata-se, portanto, de mais uma iniciativa de sucesso, que visa diminuir o desemprego e potenciar o desenvolvimento económico do Concelho.
– O desenvolvimento de ações de formação em parceria com o IEFP, escolas e outras entidades de formação que promovam a qualificação da população desempregada e o aumento da sua empregabilidade também tem sido uma forte aposta do Município.
O investimento empresarial está a crescer, assim como o emprego em Lousada. Trata-se de um investimento/crescimento que envolve muitas sinergias: o dinamismo dos empresários locais, o empenho ao nível produtivo por parte dos trabalhadores, a atuação dos técnicos de emprego e formação que se encontram no terreno e a visão estratégica do Município. Todos juntos, no rumo certo…