Verdadeiro Olhar

Lousada: Rute Cunha sempre viveu rodeada de livros e prepara-se para lançar a sua primeira ‘estória’ a “Maria Sabichona”

Vive rodeada de crianças e de livros. É natural de Silvares, Lousada e licenciada em Animação Cultural e Educação Comunitária. Há cerca de 20 anos que Rute Cunha desempenha funções em contexto de promoção do livro e da leitura na biblioteca pública e tem desenvolvido projetos dirigidos a crianças do pré-escolar e do primeiro ciclo, bem como a idosos e a reclusos.

Desde que se lembra, é apaixonada pela escrita, pelos livros e pela leitura. Por isso, não é de estranhar que, ao longo dos anos, tenha guardados vários textos e histórias.

Um dia, olhou para a gaveta onde tinha várias páginas à espera. E, talvez arrebatada por uma enorme nostalgia de escritos de outros dias ou outras horas, surgiu a ideia de compilar essas ideias e outras tantas que lhe iam na cabeça e elevá-las a um patamar superior. Daí surgiu o livro “Maria Sabichona” que vai ser apresentado no dia 4 de novembro, às 15h00, no Espaço AJE, na Rua dos Bombeiros Voluntários, em Lousada.

Esta será uma estreia na arte, não de escrever, porque essa parece que nasceu com a autora, mas de mostrar aos outros, sobretudo a pais e filhos, algo inspirador e, quem sabe, uma ferramenta que podem usar.

Rute Cunha escreve através da inquietude da ‘Maria Sabichona’, uma menina traquina, como tantas outras que conhecemos ou que até é nossa, com espírito curioso, porque quer saber tudo. Interroga, questiona e quase não a podemos ouvir de tanto nos interpelar. Na história desenhada por Rute Cunha, essa menina visita, um dia, a biblioteca. Depois disso, algo vai mudar na vida dessa criança e no percurso deste livro, que se apresenta em verso. O quê se altera? Não sabemos, porque o melhor é ler e replicar aquelas páginas por todos aqueles que nos rodeiam.

Em entrevista ao Verdadeiro Olhar, a autora confessa que a inspiração para escrever a ‘Maria Sabichona’ não foi difícil de conseguir, tanto mais que tem “a sorte de conviver diariamente com crianças”. E são elas a sua centelha. Rute Cunha congratula-se ainda pelo facto de trabalhar no contexto da biblioteca, no âmbito da promoção do livro e da leitura, juntando assim as suas paixões, os livros e os mais pequenos.

E se hoje as tecnologias irrompem as nossas vidas, a verdade é que quando Rute Cunha era crianças ou adolescente, os livros faziam parte do seu quotidiano. O pai “adorava ler” e, de certeza, que lhe serviu de inspiração para devorar tudo aquilo que tinha lá em casa. “Lia livros de história, geografia e cultura geral”.

É evidente que hoje, com 41 anos, percebe que o mundo mudou e as crianças e adolecentes já não são mais os mesmo de outros tempos. As redes sociais e a internet representam, para a maioria das pessoas, a castração de outros interesses. Rute Cunha não defende esse pressuposto. Acredita que temos que “usar outro tipo de estratégia, de forma a criar motivação”, sendo que estas ferramentas dos tempos modernos até “podem ser um complemento para conseguir levar os livros a mais pessoas”.

Além de se recordar de si rodeada de manuscritos, a autora define-se como “uma pessoa simples e discreta” que adora “a família e animais”. Mas, e apesar desta característica, é enérgica o suficiente para ter um papel ativo na sociedade que a rodeia. É vice-presidente de duas associações de Lousada, a “Vidas em Cena Produções” e a LADEC – Associação de Eventos Culturais. A par disso, é secretária executiva da União de Freguesias de Silvares, Pias, Nogueira e Alvarenga. Por isso, tem o tempo mais que preenchido e uma “vida muito ativa”.

Ainda assim, consegue articular todas estas funções e atividades com a escrita. Em relação ao futuro, confessa que não faz planos, prefere “esperar para ver o que a vida reserva”. Mas, “quem sabe se um dia não se aventura a escrever para outro tipo de público”. A criar uma história ou estórias com personagens adultas e para um público mais velho. Mas, e enquanto isso não acontece, Rute Cunha anseia pelo lançamento do “Maria Sabichona” que, de certeza, vai ajudar os mais velhos a compreenderem melhor os mais pequenos e , sobretudo, as crianças que podem verem algumas das suas inquietações respondidadas.

A edição desta publicação conta com o apoio da Direção Regional de Cultura do Norte e foi ilustrada por Dora Queirós e editada pela Papa-Letras.

Se estão curiosos, nada melhor do que estarem no lançamento deste livro e acompanharem a Rute Cunha e a ‘Maria Sabichona’ nesta visita ao mundo dos porquês.