Em 2021, perderam-se nas redes de abastecimento do país cerca de 197 milhões de metros cúbicos de água. A avaliação deste indicador pela Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) é “mediana”, pelo que “existe potencial de melhoria com a implementação de metodologias de redução das perdas de água”, refere o mais recente Relatório Anual dos Serviços de Águas e Resíduos em Portugal (RASARP 2022).
Também nas redes da região se perdem milhões de litros de água já tratada que não chega às casas dos consumidores. Segundo as contas da ERSAR, em Lousada, Paços de Ferreira, Paredes, Penafiel e Valongo as perdas reais de água, em 2021, rondaram os 2,6 milhões de metros cúbicos, 18% da água que entrou no sistema. Ao todo, nestes cinco concelhos, perdem-se 418 litros de água por ramal/dia.
À semelhança do que acontecia em 2020, Lousada continua a ser o concelho onde se perdem mais litros de água por dia: 129. Mas os dados de 2021 evidenciam já uma melhoria face ao ano anterior, em que as perdas reais eram de 154 litros/ramal/dia. Paços de Ferreira é onde se perde menos água, cerca de 30 litros/ramal/dia.
Indicador de eficiência
A “água não facturada” é “um indicador de eficiência das entidades gestoras na medida em que permite obter o valor de água que, apesar de ser captada, tratada, transportada, armazenada e distribuída, não chega a ser facturada”. Nesse indicador, estão integradas as “perdas reais, perdas aparentes (inclui as perdas por erros de medição e uso não autorizado) e o consumo autorizado não facturado (inclui o consumo não facturado medido e o consumo não facturado não medido)”.
Segundo o relatório da ERSAR, “em 2021, a água não facturada pelas entidades gestoras que prestam o serviço abastecimento de água em alta, atinge 33 milhões de metros cúbicos e representa 5,2 % do total de água entrada nos sistemas (633,8 milhões de metros cúbicos). Por outro lado, nas entidades gestoras que prestam o serviço de abastecimento de água em baixa, a água não facturada atinge 237 milhões de metros cúbicos, representando 28,8 % do total de água entrada nos sistemas (824 milhões de metros cúbicos)”.
Quando se olha para o serviço de abastecimento de água em baixa, “74,2 % da água não facturada tem origem nas perdas reais, 14,9 % nas perdas aparentes e 10,9 % no consumo autorizado não facturado”.
Essas perdas reais estão ligadas a “fugas e extravasamentos” e chegaram aos 197 milhões de metros cúbicos de água em 2021, cerca de 128 litros/ramal/dia. Lousada ficou acima da média nacional, com um indicador de perdas reais de 129 litros/ramal/dia, mais de 611 mil metros cúbicos. Ainda assim uma melhoria face ao ano anterior, dando a entender que as medidas de combate às fugas de água que estão a ser aplicadas estão a dar resultados. Quase 39% da água que entrou no sistema de abastecimento de Lousada não foi facturada em 2021.
Segue-se Penafiel, onde 28% da água na foi facturada, quase toda relativa a perdas reais. Foram perdidos 92 litros de água por ramal/dia no ano em análise. Houve uma ligeira descida face ao ano anterior.
Em Valongo houve um aumento das perdas reais de água, de 60 para 84 litros/ramal/dia. Quase 666 mil metros cúbicos de água foram perdidos, mais de 13% de toda a água tratada do sistema.
Em Paredes – e tendo apenas em conta a área servida pela Águas de Paredes – quase 23% da água tratada não foi facturada em 2021. Mais de 400 mil metros cúbicos foram relativos a perdas reais de água, 83 litros de água por ramal/dia, uma descida face a 2020.
Em Paços de Ferreira registou-se a menor perda de litros de água, embora tenha acontecido um ligeiro aumento de 29 para 30 litros/ramal/dia desperdiçados. 14% da água não foi facturada e mais de 190 mil metros cúbicos perderam-se.