A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), para quem ainda não sabe, é uma organização criada para estimular o progresso económico e o comércio mundial, constituída por países democráticos que acreditam na economia de mercado e, em termos simples, pode descrever-se como uma organização que reúne os países capitalistas, dos mais ricos do planeta. Prova disso é que o conjunto dos seus membros representam cerca de 60% do PIB mundial e deste organismo fazem parte 38 países tão diversos como os EUA, Alemanha, Reino Unido, França, Espanha, Dinamarca, Suécia ou Portugal.
A OCDE é frequentemente citada como o farol que indica os caminhos que cada um dos seus membros deve perseguir com vista ao desenvolvimento económico e social do mundo. Uma espécie de Bíblia tantas vezes referida pelos seus membros em diversos estudos que frequentemente elabora e faz chegar aos seus membros.
O último relatório da OCDE, feito há cerca de um mês, enuncia uma série de propostas para a governação de Portugal que se podem resumir nos seguintes pontos:
• Melhorar as condições de trabalho dos profissionais de saúde para facilitar o recrutamento
• Reforçar a capacidade das unidades de cuidados intensivos
• Expandir os serviços de saúde mental
• Aumentar o financiamento dos serviços públicos de cuidados paliativos
• Aumentar os recursos atribuídos aos serviços públicos de emprego
• Alargar o acesso aos subsídios de desemprego.
• Aumentar o nível e a cobertura das prestações de rendimento mínimo
• Aumentar o investimento em habitação social
• Acelerar o investimento na mobilidade elétrica e no transporte público
• Assegurar que os municípios cumprem os objetivos de reciclagem de lixo
• Sujeitar os investimentos imobiliários a medidas de prevenção da lavagem de dinheiro
• Eliminar os benefícios fiscais injustificados
• Aumentar os impostos sobre bens imóveis e sobre as heranças
• Aumentar os impostos sobre fontes poluentes, para refletir o seu impacto negativo no ambiente
• Não apostar na consolidação orçamental até que a recuperação esteja firmemente estabelecida
Perante isto só nos resta concluir que ou a direita portuguesa não leu o relatório ou, então, está em maus lençóis.
O relatório parece um programa de direita? No limite, pode parecer um programa de esquerda feita por uma organização de direita. E merece tanta atenção como outros, tantas vezes citados como a bússola que nos deve orientar. Ou a OCDE só serve aos partidos políticos quando diz o que a cada um deles interessa?