Mantém-se o impasse na Junta de Freguesia Vilela, há oito meses sem executivo e em gestão corrente. Esta segunda-feira, realizou-se a quarta assembleia de freguesia com o objectivo de encontrar uma solução para constituir o executivo da Junta de Freguesia, na sequência das últimas eleições autárquicas, que deram a vitória, sem maioria, à actual presidente da Junta de Freguesia de Vilela, Mariana Machado Silva. Mas depois de conseguirem acordo para eleger um elemento do PSD para o lugar de tesoureiro a eleita do PS que ocupava o lugar de secretária resolveu resignar ao cargo.
Equipa foi aprovada, mas socialista resignou
Depois das eleições autárquicas, a Assembleia de Freguesia de Vilela ficou com quatro representantes do PSD, três do PS e dois do CDS-PP.
Numa das anteriores reuniões já tinha sido eleita, para secretária do executivo, uma representante do PS, mas Mariana Machado Silva não abdicou da eleição de um elemento do PSD em terceiro, para ocupar a posição de tesoureiro, sendo que o PS e CDS-PP não aceitaram os nomes propostos.
Em Dezembro do ano passado, Mariana Machado Silva voltou a propor os nomes de José Cruz, ex-presidente da junta, e José Ferreira da Silva, tesoureiro no anterior mandato, que foram rejeitados pela oposição.
Após se ter procedido à eleição dos vogais por escrutínio directo dos vogais à Junta de Freguesia, seguiu-se a eleição por escrutínio secreto do presidente e dos dois secretários para a mesa da Assembleia de Freguesia tendo sido apresentadas uma lista do CDS e outra pelo PS. O PSD absteve-se de apresentação de qualquer lista.
Antes da votação dos elementos para a Assembleia de Freguesia, o ex-presidente da Junta de Freguesia de Vilela, José Ferreira da Cruz, requereu a palavra e manifestou não aceitar integrar a lista que tinha sido apresentada previamente pelo grupo do PS para a Assembleia de Freguesia.
A lista A, apresentada pelo CDS-PP, acabou por ser aprovada com seis votos a favor contra três da lista B, do PS, tendo sido eleitos para a mesa da Assembleia de Freguesia, Célio Romeu Martins, presidente, Marina Liliana Ferreira da Silva, primeira secretária, António Carlos Pacheco, segundo secretário.
” A presidente queria o senhor Mota, o PS daria dois secretários, a presidente dava-nos o presidente da assembleia e foi o que mantivemos até agora. Depois destas votações entendemos que ela resolveu seguir o caminho da coligação com o CDS-PP”
“Fui eleita e estava disponível para trabalhar, mas nesta fase perdi todas as condições uma vez que o PS fez uma proposta ao PSD. Não era só o senhor Mota que estava em causa e será por aí que este acordo não se manteve connosco. A presidente queria o senhor Mota, o PS daria dois secretários, a presidente dava-nos o presidente da assembleia e foi o que mantivemos até agora. Depois destas votações entendemos que ela resolveu seguir o caminho da coligação com o CDS-PP. É um caminho como outro qualquer. Neste momento, vou trabalhar na assembleia, fazer oposição”, disse, apontando, ainda, como razões para a sua resignação o facto de Mariana Machado Silva não ter, também, aceite acolher algumas propostas que o PS considerava serem fundamentais para o desenvolvimento da freguesia.
“Pedimos à presidente da Junta de Freguesia que incluísse no orçamento, nos quatro anos de mandato, algumas propostas que achávamos importantes para a freguesia, o apoio no centro escolar de um ATL organizado pela Junta e que fazia parte do nosso manifesto eleitoral, uma míni-loja do cidadão na Junta de Freguesia entre outras propostas na área da juventude. Mesmo assim foram rejeitadas”, avançou, manifestando estar disponível para continuar a trabalhar em prol da comunidade.
Já Tânia Machado Brito, do grupo do PS, insurgiu-se quanto à forma como decorreu o processo de votação para a mesa da Assembleia de Freguesia e frisou ter sido cometida “uma ilegalidade”, justificando que o membro do PSD e antigo presidente da Junta de Freguesia, José Cruz, ao fazer as declarações que fez, antes da votação das listas, terá influenciado o sentido de voto dos demais membros do plenário.
“A ilegalidade prende-se com o facto de um dos elementos da Assembleia de Freguesia, José Ferreira da Cruz ter exercido a sua opção de voto antes da eleição. O voto deveria ser secreto e não ser público e isso acabou por condicionar o voto dos demais e que iriam exercer o seu direito segundo a sua consciência. A opção de voto deveria ser feita no fim”, concretizou, reiterando que a presidente da Junta de Freguesia e ex-presidente da Assembleia de Freguesia “usa a ilegalidade para certas situações que lhe interessa e esquece-se da legalidade para as demais”.
“Ela preza tanto a legalidade ao ponto de exigir que para exercer o nosso dizer para prestar declarações ou em protestar tenhamos de saber os artigos para o fazer. Não obstante eu ser advogada, não sou obrigada, não tenho conhecimento de toda a lei e do regimento da Junta de Freguesia. Sabemos os procedimentos, mas não temos de saber os números dos artigos, isso já era demais”, manifestou.
“A presidente da Junta de Freguesia nega que haja um acordo entre o PSD e o CDS-PP o que é totalmente mentira”
“A presidente da Junta de Freguesia nega que haja um acordo entre o PSD e o CDS-PP o que não corresponde à realidade ou seja, é totalmente mentira, até porque se assim não fosse, se não existisse esse acordo, ela não teria marcado a assembleia e não teria a certeza que iria viabilizar o executivo como referiu. Ao fazer o acordo com o CDS-PP está a abandonar a vontade e a intenção de trabalhar com o PS e a Célia Rocha é um dos membros do PS“, sustentou, assegurando que os socialistas de Vilela vão aguardar que a nova reunião extraordinária seja agendada, propostos novos nomes e votar em conformidade.
“O PS mantém-se disponível para encontrar uma solução, agora, depende da senhora presidente da Junta de Freguesia que tem o dever de voltar a propor nomes para o lugar que foi desocupado pela Célia Rocha e depois iremos votar em conformidade e por voto secreto, que não foi o que aqui aconteceu”, acrescentou.
Quanto à demissão de Célia Rocha, a membro do PS insistiu na ideia de que foi firmado um acordo com os centristas. “O CDS-PP em várias assembleias nunca tinha aprovado o senhor Mota como é que agora, nesta assembleia, iria aprovar o senhor Mota? E vemos esse acordo pela escolha do presidente da Assembleia de Freguesia que é um elemento do CDS-PP”, sublinhou.
“Estou completamente envergonhada com esta situação, sinto-me envergonhada pelo partido da oposição porque Célia Rocha assumiu o cargo, acabando por renunciar após a eleição da mesa da assembleia de freguesia”
“Já nada me surpreende nesta vida. Estou surpreendida porque vejo um membro do partido socialista dizer que o desrespeitamos por o termos colocado no executivo a trabalhar por esta freguesia. Estou completamente envergonhada com esta situação, sinto-me envergonhada pelo partido da oposição porque Célia Rocha assumiu o cargo, acabando por renunciar após a eleição da mesa da assembleia de freguesia. Se o PS não quer trabalhar no executivo porque foi eleito um membro do CDS-PP como presidente da mesa da Assembleia de Freguesia então agradeço a demissão”, confessou.
Mariana Machado Silva afirmara, também, que não iria aceitar um executivo tripartido.
Para já não é conhecida a nova data da reunião extraordinária para nova apresentação de nomes para ocupação do primeiro lugar de secretário da Junta de Freguesia de Vilela.