Verdadeiro Olhar

Jovens de Paços de Ferreira e Barcelos transformaram hobbie da quarentena em negócio

Para fugir à “exaustão” do confinamento, Filipe Costa, um jovem de 30 anos de Paços de Ferreira, e Cláudia Sousa, de 26 anos, natural de Barcelos, começaram a fazer e a pintar vasos para casa e para dar aos amigos.

O gosto ficou e o casal de namorados acabou por criar uma marca – O Cactuu – e testar a venda nas redes sociais. Começaram a receber tantas encomendas que tiveram de trazer para o projecto dois artesãos com experiência.

Só no mês de Dezembro venderam 600 peças, estando a receber pedidos do estrangeiro, de países como França, Canadá, Espanha ou Alemanha.

A marca salienta-se por ser produzida à mão, ser contemporânea e sustentável. A produção é feita em Barcelos e as vendas acontecem online.

Uma oportunidade de fazer algo de que gostavam

Filipe Costa é licenciado em Turismo e estudou também Marketing. Já trabalhou em vários países. Os últimos três anos esteve ao serviço do Turismo de Portugal, no Brasil. Cláudia Sousa é licenciada em Marketing e trabalhou na área, tendo feito um estágio entre 2019 e 2020 na mesma entidade.

Foi no Brasil que se conheceram e começaram a namorar. Depois regressaram a Portugal, entre o final de 2019 e início de 2020 e acabaram apanhados pela pandemia.

Em confinamento, decidiram “exprimir os sentimentos através da arte” e produziram algumas peças, como hobbie. “Começamos a partilhar com os amigos e o feedback era positivo e depois oferecemos alguns vasos pintados com plantas. Até que criamos a página no Instagram”, dizem. Foi aí que nasceu a marca: O Cactuu, em Junho de 2020.

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“Não estávamos a trabalhar, foi uma forma de nos entretermos. A quarentena era uma oportunidade de fazermos algo de que gostávamos e começamos a apostar, a idealizar e a desenhar peças”, relatam os jovens.

Rapidamente o hobbie começou a crescer e transformou-se num negócio. “Um dia enviaram email a pedir 50 peças e dois dias depois outras 50. Tem sido um crescimento gradual de que não estávamos à espera. Precisávamos de ajuda mais especializada e foi aí que encontramos dois artesãos de Barcelos (o Hernâni Pires e Fernando Pereira) que trabalham nisto há décadas”, explicam.

Acreditam que podem crescer além-fronteiras onde o artesanato português é valorizado

Definem a marca como “contemporânea, conceptual e sustentável que tem como objectivo promover a decoração de espaços interiores e exteriores através de arte produzida a mão em Portugal”. “Todos os vasos e jarras são de barro, feitos à mão, e o design é feito por nós na base do nosso conceito homemade”, acrescentam Cláudia e Filipe, que apostam no minimalismo e cores neutras.

Vendem não só directamente ao consumidor final mas também a lojas, sobretudo floristas e de decoração.

O mês de Dezembro foi o melhor até agora em termos de encomendas: cerca de 600 peças. “Estávamos com medo de quebras neste início de ano, mas logo no dia 1 recebemos um email com encomendas e nos últimos dias vieram outros do Canadá, França, Espanha e Alemanha. Janeiro foi um mês igualmente bom, sobretudo em termos de parcerias”, referem.

Têm produtos dos 13 aos 50 euros. São jarras e vasos em barro terracota pintado em cores neutras. E o conceito de sustentabilidade está sempre presente. “Já tínhamos preocupações ambientais e quisemos trazer isso para a marca. Temos uma preocupação com a redução da pegada ecológica e, isso traduz-se na utilização da cerâmica portuguesa, que é realizada de forma artesanal, onde existe uma redução de energia e nos materiais utilizados nos métodos de embalamento. O nosso embalamento é realizado com o desperdício de papel das indústrias, dando-lhe assim uma nova funcionalidade. Assim, conseguimos reduzir o uso do plástico para acondicionar as peças”, descrevem. Sempre que possível procuram reutilizar.

Filipe Costa actualmente está dedicado a 100% ao projecto. Cláudia está a trabalhar na sua área, numa empresa do Porto. O jovem pacense é mais idealista, ela tem mais os pés na terra. “Gostávamos de viver disto, mas precisava de crescer muito. Vamos a ver a evolução do negócio. Acreditamos que no estrangeiro é possível crescer e queremos levar a qualidade do artesanato português além-fronteiras. As pessoas reconhecem o valor do artesanato português”, defendem.

Para isso vão ter em breve um site que esperam que facilite o processo de venda e dê credibilidade ao produto.

Entre as novidades, estão uma parceria solidária que vão levar a cabo com uma instituição de Barcelos, em que uma parte das vendas dos produtos vai reverter para ajudar famílias carenciadas. Além disso, numa vertente mais artística, querem lançar peças únicas, para colecções especiais, em colaboração com artistas que usem como base as jarras e vasos ‘O Cactuu’. Os primeiros serão o tatuador José Mendonça e o ilustrador Francisco Fonseca.